DPVAT: ainda não prenderam os ladrões
É o fim das maracutaias da Seguradora Líder, mas a Susep deve estabelecer como indenizar as vítimas dos acidentes
É o fim das maracutaias da Seguradora Líder, mas a Susep deve estabelecer como indenizar as vítimas dos acidentes
A MP do Presidente Bolsonaro que extinguiu o DPVAT pôs também um ponto final a uma das maiores maracutaias do Brasil, a Seguradora Líder que administrava os bilhões de reais pagos anualmente pelo seguro obrigatório. A Líder é um consórcio formado por 80 companhias de seguro.
Marcelo Freitas, então delegado da Policia Federal (hoje deputado federal) e Paulo Márcio da Silva, promotor do MP de MG, investigaram a Líder na operação “Tempo de Despertar” iniciada em abril de 2015. E descobriram fraudes bilionárias praticadas contra seus cofres.
No varejo, quadrilhas formadas para pedir indenizações de acidentes inexistentes, atestados médicos falsos e mais uma série de irregularidades praticadas por agentes de seguros, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, policiais, etc.
No atacado, os próprios diretores da Líder forjavam contratos de assessoria e consultoria com parentes e amigos e mais uma série de maracutaias para desviar verbas bilionárias do DPVAT. Durante anos, a Líder faturava entre 6 e 8 bilhões de reais anualmente, sendo 45% entregues ao SUS e o resto para as indenizações das vítimas de acidentes, despesas administrativas, Denatran, corretores, campanhas educativas e várias outras.
O monopólio do seguro obrigatório, único no mundo, sempre foi questionado e as contas da Líder não eram aprovadas pelo TCU nem pelo Ministério Público que também abriu vários processos contra ela. Foi aberta uma CPI na Câmara dos Deputados para investigar o imbróglio do DPVAT mas inexplicavelmente encerrada sem nada apurar.
Verbas generosas da Líder e o interesse de grandes seguradoras sempre mantiveram o status quo apesar das evidências de se tratar de um assalto ao bolso do cidadão. Até o ano passado, a Susep – Superintendência dos Seguros Privados – fechava os olhos para essas irregularidades e incapaz de uma atitude para regularizar a situação.
A situação mudou em março deste ano, quando Solange Paiva Vieira tomou posse como superintendente do órgão federal. Ela acumulou vasta experiência profissional em outras entidades, entre elas a presidência da Anac e do BNDES.
E, assim que detectou as irregularidades da Líder, tomou providencias que culminaram na semana passada com a decisão de eliminar o monopólio e o DPVAT. Falta ainda exigir que os criminosos identificados pela “Tempo de Despertar” devolvam os bilhões desviados e colocados em cana.
A Seguradora Líder ainda responderá até 2025 pelas indenizações das ocorrências até dezembro de 2019 e as eventuais ações judiciais geradas no período. Dos nove bilhões de reais que tem acumulados em caixa, estima-se que irá despender cerca de quatro bilhões para fazer frente a indenizações. Outros cinco bilhões ela terá de devolver ao caixa único do Tesouro Federal.
A Susep precisa agora terminar o excelente serviço que prestou ao país. Tirar a Líder do circuito era essencial, mas deve-se estabelecer uma fórmula para atender as vítimas dos acidentes de trânsito a partir de janeiro de 2020.
O atendimento hospitalar continua sendo prestado pelo SUS, apesar de não receber mais a contribuição do DPVAT. Mas que, de qualquer maneira, não representava mais que 0,79% de seu orçamento anual, segundo a Susep.
Em relação às indenizações, existem duas opiniões diferentes.
A primeira é de que o seguro seja voluntário. Mas o índice de adesão deverá ser muito baixo e imagina-se que as vítimas dos acidentes terão dificuldade em obter a indenização e teriam que recorrer à Justiça para obtê-la.
A segunda é de que o seguro deve permanecer obrigatório, passando entretanto a funcionar no regime de livre escolha pelo dono do veículo, que comprovaria anualmente junto ao órgão de trânsito ter contratado uma seguradora que se responsabilizaria pelas indenizações.
O valor das indenizações seria atualizado pela Susep e deverá estar no entorno de R$ 25 mil a R$ 30 mil no caso de morte ou invalidez permanente. A Susep deverá também estabelecer como se indenizar a vítima no caso de o motorista responsável pelo acidente não se identificar.
👍 Curtiu? Apoie nosso trabalho seguindo nossas redes sociais e tenha acesso a conteúdos exclusivos. Não esqueça de comentar e compartilhar.
TikTok | YouTube | X |
Ah, e se você é fã dos áudios do Boris, acompanhe o AutoPapo no YouTube Podcasts:
Podcast - Ouviu na Rádio | AutoPapo Podcast |
Muito bom! Uma vergonha pagar estes valores aos usuários que são “obrigados” com estas taxas. Só deve ser encontrado uma maneira, para que hospitais não percam esta verba do atendimento à população!
Não Bóris, ainda não prenderam os ladrões. Sabe porque? Porque o ladrão poderoso rouba amparado pelas leis que ele mesmo faz e governa. Por esta razão a justiça não o alcança.
Ótimas essa MP que extinguiu o DPVAT, acabou com a mamata da Seguradoras