Equipamentos de segurança que você deve exigir ao comprar um carro
A legislação brasileira falha (e muito!) quando o assunto é segurança; listamos alguns itens que não são obrigatórios, mas deveriam, pois são essenciais
A legislação brasileira falha (e muito!) quando o assunto é segurança; listamos alguns itens que não são obrigatórios, mas deveriam, pois são essenciais
É fato que a legislação brasileira não dá conta de determinar parâmetros razoáveis para segurança automobilística. Prova disso é que inúmeros equipamentos de segurança exigidos no exterior ainda não são regra para todos os veículos por aqui. São exemplos o controle de estabilidade tração e o cinto de três pontos para todos os ocupantes.
É possível citar, também, tecnologias que demoraram a ser obrigatórias no país, como o sistema de freio antitravamento (ABS) e os airbags dianteiros.
Em entrevista para o AutoPapo, a engenheira civil especialista em tráfego e desenho de estradas no Canadá, Geni Brafman Bahar, se mostrou espantada pelo fato de até hoje, no Brasil, os faróis de rodagem diurna (DRL), automáticos ou com sensores crepusculares não serem comuns. Segundo a especialista, as tecnologias já estão disponíveis para todos os modelos do país norte-americano há 25 anos.
Por aqui, as luzes diurnas de rodagem serão obrigatórias em todos os projetos novos de veículos a partir de 2021 e em todos os modelos 0 km a partir de 2023, segundo uma recente resolução do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Outra questão que chama atenção é que não há, no Brasil, um órgão do governo que teste a eficiência da proteção dos automóveis e de seus equipamentos de segurança. Os testes de impactos divulgados por aqui são realizados pelas próprias fábricas em laboratórios homologados ou feitos pelo Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe (Latin NCAP), que seguem as exigências do EuroNCAP.
Considerando todas essas falhas, listamos alguns itens que você deve exigir na compra de um carro para garantir um nível satisfatório de segurança.
O controle eletrônico de estabilidade é um sistema que mantém o automóvel sob controle em manobras bruscas (curvas mais apertadas) e condições adversas, corrigindo sua trajetória. O item de segurança, caracterizado por diversas siglas pelas fabricantes, ESC, ESP, DSC e VSA, é um dos mais importantes componentes no que se refere à proteção dos ocupantes de um carro e faz parte de toda a frota europeia, argentina e estadunidense.
No Brasil, o equipamento só será obrigatório a partir de 2022. Até lá, as marcas se aproveitam e vendem veículos sem ESC.
A obrigatoriedade do controle de estabilidade foi aprovada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) em 2015, mas só começará a valer em 2020, para os veículos a serem homologados, e em 2022, para os modelos já produzidos por aqui.
O Latin NCAP faz críticas a esse tempo tão longo de tolerância: “infelizmente, as regulações governamentais ainda não incluem o Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC) e a proteção de pedestres, mostrando que a América Latina ainda está 20 anos atrás da Europa, onde já são obrigatórios o ESC, a proteção de pedestres e está se legislando para a Frenagem de Emergência Autônoma (AEB)”.
Todos sofrem com o descaso do governo, inclusive as crianças, que ainda em 2019 não contam com a exigência do sistema de ancoragem Isofix e dos demais equipamentos de segurança citados na reportagem em todos os carros.
A legislação brasileira, por meio da Resolução 518 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), até determinou novas regras para a fixação de cadeirinhas infantis, ou Dispositivo de Retenção Infantil (DRI), mas a obrigatoriedade é gradual.
A decisão, publicada em 2015, determinou que a partir de janeiro de 2018 todos os modelos derivados de novos projetos deveriam contar com o dispositivo. A adoção absoluta do sistema para todos os veículos comercializados no país, no entanto, só vai ocorrer em 2020.
Acha besteira? Segundo o DataSUS, entre 2005 e 2014, as mortes no trânsito na faixa etária de 0 a 4 anos cresceram 66% no Brasil. A recomendação para evitar lesões graves nos os pequenos é simples: usar os dispositivos de segurança disponíveis no mercado.
A mesma resolução que rege a obrigatoriedade dos DRI trata do cinto de três pontos e do apoio de cabeça para o quinto lugar. Assim como o Isofix, os dois equipamentos de segurança são regra para novos projetos. Porém, a instalação em todos os modelos comercializados no Brasil só começa em 2020.
De acordo com o Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi), o cinto de segurança de três pontos chegou ao mercado com o objetivo de reduzir as possíveis lesões que o condutor e os passageiros podem sofrer em caso de colisão.
“Esse item de segurança é essencial para todo veículo, principalmente por reter melhor os ocupantes em sua posição e propicia uma distância maior dos ocupantes das partes rígidas do veículo”, explica Emerson Feliciano, superintendente do órgão.
O equipamento de segurança, diferente do cinto subabdominal, também permite o uso de tecnologias como o pré-tensionador, comum em veículos equipados com airbag, e que tem a função de retrair o cadarço do cinto instantes após o impacto, melhorando o posicionamento do motorista e aumentando a distância em relação ao painel.
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Caríssimo BORIS! Além dos aspectos listados por vc faltou – em nossa modesta opinião – seguramente o principal.
Nenhum carro brasileiro passa nos testes do mais atento, sério e confiável orgao aferidor de segurança deste planeta, indiscutivelmente o NHTSA –
NATIONAL HIGHWAY TRAFIC SAFETY ADMINISTRATION -. As montadoras aqui instaladas, inclusive às alemães AUDI,MERCEDES e BMW, segundo a
ANFAVEA, “não são obrigadas ao mix de metais nobres nas chapas dos veículos”. E é isto que faz a diferença. Por sua vez, um engenheiro da então – apenas FIAT – revelou-nos, “que esta aplicação de metais nobres geraria um aumento de 25% no custo dos automóveis”.
O FATO é que TODOS OS VEÍCULOS NACIONAIS OU NACIONALIZADOS AQUI não garantem a incolumidade do habitáculo. E pior: impede a exportação para os Estados Unidos, que importa cerca de 3 milhões de automoveis/ano.
Obs – Somente um carro brasileiro conseguiu ser comercializado nos Estados Unidos e isso aconteceu na década de 80, por cerca de 2 anos, quando a VW submeteu o Voyage às exigências indispensáveis do mercado USA e mudou o nome do carro para FOX.
Boris – é preciso que vc acelere mais ainda às críticas do AUTO PAPO – neste campo.
Saudações Jornalísticas,
ANDRÉ QUEIROZ
No caso da Argentina, só se a obrigatoriedade ocorreu agora em agosto, pois li matéria semana passada dizendo que somente agora o Argo terá ESP de série por lá.
O fato dos veiculos nacionais não virem de serie com controle de estabilidade é uma vergonha! A mais de 10 anos este item é obrigatório para os veiculos que adquiro. E já me ajudou em varias situações.
Agora o tal isofix é algo para “ inglês ver” pois cadeirinhas com isofix são raras e quando encontradas custam muito mais caro que as comuns. Durante o tempo em que o meu filho precisou utilizar cadeirinha só existia o isofix nas importadas.
Muito obrigada, André! Trabalhamos para entregar informações de qualidade para vocês.
Abraços.
A verdade é que o brasileiro não liga pra parte de segurança e confiabilidade de carro, sendo mais importante a estética na hora da compra.
Outra coisa é que carro completo nos EUA é baratinho, no Brasil se obrigar a ter td quanto é coisa o popular mais em conta vai sair por 80 mil, aí não gira o mercado…
Parabéns, matérias cada vez mais interessantes!