Ford EcoSport Storm: tração 4×4 com preço salgado
Nova versão do SUV se destaca pela boa quantidade de equipamentos de série e pela tração integral associada ao câmbio automático de seis marchas
Nova versão do SUV se destaca pela boa quantidade de equipamentos de série e pela tração integral associada ao câmbio automático de seis marchas
R$ 99.990! Esse é o preço do EcoSport Storm! O valor assusta, afinal, são cerca de R$ 100 mil pelo SUV compacto – e, em tese, acessível – da Ford. Mas há de se fazer algumas considerações.
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A primeira é que essa versão traz, de série, tração integral que atua sob demanda, associada a um câmbio automático de seis marchas: ele é o automóvel mais em conta no mercado brasileiro com esse tipo de configuração mecânica. Duster 4×4 e Suzuki Jimny são mais baratos, mas têm transmissão manual, ao passo que o Jeep Renegade Custom 4×4, com motor a diesel, custa R$ 10 mil a mais.
A segunda é que o EcoSport Storm é a opção top de linha que, por isso, traz um pacote de equipamentos respeitável, com direito a sete airbags (frontais, laterais, do tipo cortina e para os joelhos do motorista), faróis de xênon com luzes diurnas de LEDs, teto solar, chave presencial com botão de partida, ar-condicionado digital, interior revestido em couro e central multimídia com tela de oito polegadas, navegador GPS e sistema de som Sony de alta-fidelidade com nove alto-falantes.
O motor da versão Storm é o 2.0 com injeção direta, que foi adotado no EcoSport partir da linha 2018. Esse propulsor, que tem duplo comando de válvulas variável acionado por corrente e construção integral em alumínio, impressiona pela potência máxima: são 176 cv com etanol e 170 cv com gasolina. Já o torque, de 22,5 kgfm com o combustível vegetal e 20,6 kgfm com o derivado do petróleo, não é excepcional, mas ainda coerente com a faixa de cilindrada.
O câmbio é um automático propriamente dito, do tipo epicíclico, e não o Powershift (automatizado de dupla embreagem), que deixou de equipar o modelo. A tração é integral, com atuação sob demanda. Na maior parte do tempo, o veículo é movimentado apenas pelas rodas dianteiras, mas, nas situações em que a central eletrônica julgar necessárias, as traseiras podem receber até 50% da força motriz.
Visualmente, a Storm é a configuração mais adornada da linha: a grade dianteira com o nome da versão gravado em relevo, as molduras plásticas nos para-lamas e as rodas pintadas de grafite, exclusivas da versão, até que não caíram mal. Mas os adesivos pretos no capô e nas portas acabam carregando demais o visual do SUV.
Rodando no asfalto, o SUV compacto vai bem, empurrado com folga pelo motor 2.0. No trânsito urbano, o EcoSport Storm é bem-disposto em subidas e arrancadas de semáforo, ao passo que, na estrada, é possível fazer ultrapassagens sem susto. Todavia, vale destacar que o desempenho não entusiasma como valores de potência máxima fazem supor.
Isso tem explicação: primeiro, porque a versão top de linha é 99 kg mais pesada que a Titanium (posicionada logo abaixo dela na gama), devido, principalmente, aos componentes da tração integral. Segundo, porque os 170 cv surgem, por completo, a elevadas 6.500 rpm. O torque máximo também só aparece a 4.500 rpm. Desse modo, o veículo só mostra maior ímpeto com o giro alto. Não é ruim em baixos regimes, mas tampouco é ótimo.
O câmbio automático, um dos maiores diferenciais do modelo, opera com suavidade, mas tem uma programação melhorável. Isso porque a central eletrônica faz a transmissão se comportar de maneira inquieta, fazendo trocas de marchas excessivas. Assim o motorista tem que fazer reduções, por exemplo, por conta própria, apelando para a função sequencial da transmissão. Pelo menos, essa tarefa é facilitada pela presença de paddle-shifts no volante.
No mais, o modelo apresenta um comportamento coerente e adequado à sua proposta. O conjunto suspensivo, formado por sistemas independentes do tipo McPherson na dianteira e multilink na traseira, consegue proporcionar um bom meio-termo entre conforto e estabilidade.
Para um veículo de altura elevada, o EcoSport transmite segurança em curvas. O controle eletrônico é até muito intervencionista, e entra em ação antes mesmo de o carro ameaçar sair pela tangente. A direção elétrica tem boa progressividade, ao passo que os freios, com discos ventilados na dianteira e tambores na traseira, atuam corretamente.
A presença da tração integral, da suspensão com curso 1,7 mm do maior em relação ao resto da linha e os 20 mm de vão livre do solo são recursos úteis no off-road, mas os pneus voltados para asfalto jogam por terra parte das pretensões radicais da versão.
Em consumo, o EcoSport Storm passa longe de se destacar. Com gasolina no tanque, a reportagem obteve médias de 8 km/l em ciclo urbano e 10,2 km/l no rodoviário. Era de se esperar mais. As aferições apontam números ligeiramente inferiores que os da Ford, que informa 8,5 km/l na cidade e 11,4 km/l na estrada, com o derivado do petróleo.
Internamente, a versão Storm apresenta as mesmas características de qualquer EcoSport. O acabamento melhorou após a reestilização aplicada no ano passado, graças à utilização de materiais de maior qualidade. O painel exibe até emborrachamento, item raro no segmento.
Porém, o padrão de montagem ainda deixa a desejar, pois é possível notar folgas em alguns encaixes. No veículo avaliado, a carenagem que cobria um parafuso posicionado na concavidade da maçaneta da porta do motorista caiu… E não se fixou novamente no lugar.
O espaço interno também é menor que o da maioria dos concorrentes, principalmente no banco traseiro. Ali, os vãos para as pernas dos ocupantes é justo, e pessoas mais altas fatalmente terão seus joelhos espremidos. Porém, vale destacar que, pelo menos, todos os ocupantes usufruem de cintos de segurança de três pontos e encostos de cabeça.
O porta-malas também está entre os menores da classe, com 356 litros. A tampa traseira é pesada, pois carrega o estepe, posicionado na parte externa do veículo, solução em desuso atualmente. A Ford alega que é uma demanda dos consumidores, mas, na verdade, não é possível acomodá-lo dentro do compartimento. A solução seria um kit de reparo, que é oferecido na Europa em uma versão que simplesmente elimina a roda sobressalente. Porém, é verdade que, como esse sistema só funciona em caso de furo, os motoristas brasileiros ficariam, literalmente, à pé se o pneu fosse rasgado por um buraco, por exemplo.
A peça se abre para a esquerda (e não para cima, como é mais comum), o que exige uma grande área livre atrás do veículo. Todavia, essa solução ainda é mais prática do que a de alguns outros modelos com o pneu sobressalente posicionado no mesmo local, que exigem duas operações para abrir o bagageiro.
O condutor goza de um posto de comando correto e ergonômico. Os instrumentos proporcionam boa leitura, os comandos do painel são bem-posicionados e o volante, ajustável em altura e em profundidade, têm boa pegada. Os bancos dianteiros são ergonômicos e confortáveis, sendo que o do motorista dispõe de regulagem em altura. A visibilidade traseira é limitada pelas colunas C largas demais e também pelo estepe externo (sim, ele de novo), mas a câmera de ré, de série na versão Storm, ajuda a minimizar esse problema.
A versão Storm é, apesar dos pesares, uma das mais interessantes da linha EcoSport. Mesmo sem o apelo de um veículo off-road propriamente dito, a tração integral traz vantagens, como melhor dirigibilidade em piso molhado.
O pacote de equipamentos generoso é outro ponto forte. Porém, o fato é que o SUV compacto da Ford já começa a clamar por uma nova geração: só um projeto feito a partir do zero poderá sanar inconvenientes como o espaço limitado para passageiros, bagagem… E o estepe na tampa traseira.
Ficha técnica | Ford EcoSport Storm |
---|---|
Motor | Dianteiro, transversal, 1.999 cm³, com quatro cilindros, 16 válvulas e injeção direta de combustível, aspirado, flex |
Potência | 170 cv (gasolina) e 176 cv (etanol), a 6.500 rpm |
Torque | 22,5 kgfm (E) e 20,6 kgfm (G) a 4.500 rpm |
Transmissão | automática de seis velocidades, tração integral com atuação sob demanda |
Suspensão | McPherson na dianteira e multilink na traseira |
Freios | disco ventilados na dianteira e tambor na traseira, com ABS |
Direção | assistida eletricamente |
Dimensões | 4,37 m de comprimento, 1,69 m de altura, 2,52 m de distância entre-eixos, 2,52 m, 1,78 m de largura, 20 mm de altura livre do solo |
Ângulo de ataque | 23,6E |
Ângulo de saída | 27,6° |
Peso | 1.469 kg |
Tanque de combustível | 52 litros |
Porta-malas | 356 litros |
Fotos reprodução
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Sou jornalista profissional e notei um vício de nossa profissão nesta avaliação: dizer que o estepe traseiro está em desuso e atrapalha. Acho que precisamos um pouquinho de humildade e ver que a Ford atende, mesmo, a um desejo do comprador. Já tiver duas Explorer (uma V6 manual e duas V8 automáticas) e o que menos me encantava nelas é que não tinha apelo estradeiro no design, como a maioria absoluta dos SUVs de boutique hoje em dia não têm. Nem de longe. Este estepe do EcoSport Storm é que me fez comprá-lo no dia do meu aniversário há alguns meses. E olhe que saí de um Jetta TSi. O Storm tem um motorzão respeitável, que também não se encontra em nenhum outro SUV compacto à venda no Brasil. Tem um design de apelo masculino, estradeiro, que agrada ao público a que se destina. E, principalmente, não decepciona. Agora, realmente, quem quer espaço para a família, tem a Chevrolet Spin. Espaço que não acaba mais e um pouquinho mais barata.
Desculpem os erros. Pressa de digitar: é já tive três Explorer e não duas. Todas três importadas dos EUA. Carros realmente excelentes e com motor com potência e torque de sobra.
Ás vésperas de 2020, pagar mais de 100mil por um SUV que fala ser topo de linha mas equipado com freio à tambor na traseira mesmo após tantos apontamentos feitos pela imprensa especializada?????? E com apelo à valentia Off-Road mas equipado com pneus para uso em asfalto????
Willians, concordo 100% com você. Um carro que tem um freio “mais ou menos”, um motor “mais ou menos”, um monte de plásticos e “penduricalhos” de gosto duvidoso, tração integral que não agrega nada. Quem quer um 4×4 não vai comprar um Ecosport, né?
Isso vai ser mesmo um “storm” na bomba de gasolina e na revenda! Imagino a desvalorização…
É só no Brasil mesmo que aceita pagar 100mil num carro que tem freio a tambor … Parece piada
” A tração integral é do tipo permanente, com atuação sob demanda. ”
Tração integral permanente é uma coisa (ex: toyota SW4, audis S4, S5, RS4, RS5, S6, S7, RS7, S8 e outros), quando SEMPRE há torque sendo enviado aos dois eixos. Tração integal sob demanda é o caso desse ecosport alvo da reportagem, assim como a duster, audi S3, audi S1, fusium AWD, santa fe, etc.
Ou é permanente ou é sob demanda. Não existe tração integral permanente sob demanda
Olá, Fernando. Obrigado pela sua observação.
Continue nos prestigiando.
Fernando, a Toyota SW4 utiliza sistema de tração “part time”, sem diferencial central, sendo que a tração integral só pode ser acionada em pisos de baixa aderência.