O mistério do Passat Iraque perfeito que não saía do lugar
Um carro novinho que dava a partida normalmente, mas simplesmente não se movimentava; o colunista Douglas Mendonça conta mais um de seus "causos"
Um carro novinho que dava a partida normalmente, mas simplesmente não se movimentava; o colunista Douglas Mendonça conta mais um de seus "causos"
Este é um desses “Causos” que fazem o caboclo coçar a cabeça: Como é possível um Passat novinho, ainda na garantia, com o funcionamento perfeito não conseguir sair do lugar? Pois isso, acontece. Esse “Causo” envolveu o Dr Mílton, um proeminente Advogado Paulista nos anos 70 e 80 e o Passat que ele havia comprado 0 km. Na época, esse carro era chamado de Passat Iraque, pois, na realidade, era uma sobra da exportação desses veículos para o mercado Iraquiano, que foram vendidos no mercado nacional.
Um modelo desses diferenciava-se dos Passat regularmente comercializados por aqui, entre outras coisas, pelas cores mais chamativas do estofamento interno, pelas 4 portas na carroceria e pela maior potência do seu ar-condicionado.
O Dr Mílton comprou um Passat Iraque pois se interessou muito pela maior potência do ar condicionado, que em nosso verão tropical andando de terno e gravata para cima e para baixo, fazia uma boa diferença. Ele morava, desde o início dos anos 80, nas cercanias do Bairro do Brooklin, uma região de classe média alta da cidade de São Paulo.
Sempre muito ocupado e correndo por todos os Fóruns da cidade, o Dr Mílton chegava a ser distraído. Carro? Ele sabia apenas que era uma máquina que quando ligada o levava onde ele precisasse ir. Simplesmente uma ferramenta de trabalho. Não costumava ser atento aos assuntos de manutenção. Por sorte, seu filho Mílton Júnior era proprietário de uma oficina mecânica de porte médio localizada na Rua Augusta perto do centro velho de São Paulo.
Era o Júnior quem ligava para o pai cobrando a manutenção básica do carro: “Os pneus estão calibrados? Deu uma olhada no nível da água do radiador? Verificou se o nível do óleo do motor está correto?” E por aí vai. Dr Mílton quase sempre se esquecia ou não estava atento a nenhum dos pedidos do filho Júnior.
Mas, em uma segunda feira pela manhã, Mílton Júnior estranhou a ligação do pai: “Não sei o que está acontecendo com o meu carro, dou a partida e ele pega normalmente, piso na embreagem engato a primeira, acelero tiro o pé da embreagem e o carro não sai do lugar”. Um verdadeiro mistério! Mílton Júnior tentou argumentar com o pai: “Como é possível, pai? Você tem certeza que está fazendo tudo certo? O carro é praticamente novo e esses carros não costumam ter problemas com pouco uso”.
Dr Mílton não gostou das desconfianças do filho e contra argumentou:” Você está querendo insinuar que eu não sei dirigir? Muito antes de você nascer, eu já dirigia”. Mílton Júnior, o filho, não teve escapatória, pegou seu carro e foi em socorro do pai. Um trajeto relativamente longo de quem sai de perto do centro de São Paulo para ir ao Brooklin.
Chegando a casa do pai, estranhou de longe a pouca altura do Passat Iraque estacionado defronte a casa do pai. E pensava consigo: “O que o meu pai aprontou dessa vez? Porque é que o carro está tão baixo daquele jeito? Será que é por isso que ele não consegue andar?”
À medida em que se aproximava da casa e consequentemente do carro do pai, as dúvidas transformaram-se em certeza: larápios, durante a madrugada de domingo para segunda, roubaram as 4 rodas e pneus do carro seminovo e em seus lugares foram colocados tijolos para que os sem vergonhas pudessem retirar o macaco que usaram para levantar o carro.
O pobre do Passat Iraque não poderia andar, pois não tinha rodas. Dr Mílton saiu de casa, abriu o carro entrou sem se atentar que ele estava sem rodas, quase no chão. Ele dava na partida, o motor funcionava, ele engrenava a primeira marcha, acelerava, tirava o pé da embreagem e o que acontecia era que os dois discos de freio ficavam girando no ar, sem tração para movimentar o carro. Pois ele desceu do carro, entrou em casa para ligar para o filho e não deu sequer uma olhadela para saber o que estava acontecendo.
Mílton Júnior ficou possesso com o pai, tamanha foi a sua distração. A solução da questão foi fácil: Foram a loja de pneus mais próxima, compraram um jogo de pneus novos com as respectivas rodas, um jogo de parafusos originais e, pronto! Tudo estava resolvido. E o Dr Mílton, com uma boa grana a menos em sua conta-corrente.
O que mais chama a atenção nesse Causo, foi a distração do Dr Mílton, que deixou seu Passat Iraque novinho dormir na rua mesmo com uma garagem em casa, não percebeu que o carro estava muito baixo quando entrou nele a primeira vez e ainda não deu pelo menos uma verificada visual do que estava acontecendo de fato.
Sabemos que muitos motoristas são desatentos e distraídos, mas é importante que quem dirige seja atento pelo menos para perceber um pneu murcho ou furado ou se falta óleo no motor ou líquido de arrefecimento no vaso de expansão. Combustível no tanque? Isso é fundamental para o carro andar. Por isso, atenção aos distraídos!
Foto: Editora Alaúde | Reprodução
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Brasileiro médio típico, isso mostra que diploma não da cognição a pessoa, apenas um pedaço de papel.
Se nessa época já era assim, que dirá hoje com tantas Uniesquina, o cidadão tem diploma más não sabe fazer um Ó com copo.
Muito bom causo Douglas e muito distraído esse Dr. Milton, kkkkk