SUV: uma categoria na contramão da história automobilística
O mundo pede veículos mais leves e aerodinâmicos; apesar do sucesso, os utilitários esportivos são o contrário disso
O mundo pede veículos mais leves e aerodinâmicos; apesar do sucesso, os utilitários esportivos são o contrário disso
A categoria utilitário esportivo (SUV) virou a queridinha do mercado. Também pudera… o brasileiro tem vontades próprias e exclusivas: foi o único do mundo a cair de amores pelos automóveis de duas portas. Tinha na ponta da língua as desculpas (mais esfarrapadas) para desprezar os de quatro.
Obrigou fabricantes a refazer os projetos de carroceria para produzir aqui alguns modelos, pois no país de origem nem existia a versão cupê. E o mais ridículo: a pessoa se contorcia para entrar no banco traseiro do Opala cupê com motorista…
Também sem explicação a corrida atrás de engate-bola, quebra-mato e outras bugigangas. Ou de carros preto e prata.
Com o SUV é diferente, pois não é moda exclusiva do brasileiro: é tendência também em outros países. Aqui tem pelo menos uma justificativa razoável: mais adequado para sobreviver com integridade em nossas ruas e estradas com algum asfalto entre crateras. Argumento que só cola entre nós, pois norte-americanos e europeus rodam em tapetes asfálticos.
Por ser mais elevado que o automóvel, o SUV oferece visibilidade um pouco maior e passa também uma sensação de segurança. Outra vantagem são suas rodas de grande diâmetro, capazes de passar ilesas por nossas crateras. Em compensação, assusta o custo para a reposição dos pneus, maiores e fabricados com compostos especiais.
Mas, a rigor, está na contramão da história e no sentido inverso das exigências atuais da sociedade, que pede veículos mais eficientes, de menor consumo e emissões. A resposta deveria vir de automóveis mais leves e aerodinâmicos. O SUV, ao contrário, é mais pesado e menos aerodinâmico devido às suas generosas dimensões e maior altura do solo.
Quanto mais pesado um veículo, maior a potência que se exige do motor para movimentá-lo, com aumento no consumo de combustível e emissão de gases. Se pesa mais, exige também mais dos freios. E ainda o torna mais lerdo em arrancadas em retomadas de velocidade, tamanha a massa a ser deslocada.
SUV é alto, o que prejudica a aerodinâmica e aumenta ainda mais o consumo e emissões, principalmente em elevadas velocidades. E reduz a estabilidade, obrigando os engenheiros a recorrerem a uma pilha de equipamentos eletrônicos para “segurá-lo” nas curvas.
Suas dimensões complicam seu convívio no trânsito urbano: quanto mais largo e comprido, mais complicado para estacioná-lo. É quase impossível usar algumas vagas mais apertadas em estacionamentos de prédios e shopping centers. Ou faz o motorista suar a camisa para encostá-lo.
Finalmente, a grande capacidade do porta-malas poderia reforçar o placar a favor dos SUVs. Não fossem as peruas (station wagons) que oferecem o bom comportamento dinâmico de um automóvel aliado ao mesmo (ou quase) volume para bagagens.
Moda não se discute. No Brasil, os utilitários esportivos já nocautearam as peruas e hatches médios. E deixaram sem opção o motorista que prefere um automóvel adequado para famílias, mas que seja estável e agradável de dirigir. Mas deixam felizes os fabricantes, que faturam (e lucram) muito mais, pois elevam o preço sem oferecer nada além de elevar também a suspensão. Tração 4×4 ou habilidade para o fora de estrada? Nem pensar. Às vezes contemplam o cliente com pneus de uso misto. E olhe lá…
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