Conheça 10 carros que queriam ser o Volkswagen Fusca
No dia em que se celebra o carro mais icônico de todos os tempos, relembre modelos que tentaram concorrer com o besouro ou ocupar o lugar dele
No dia em que se celebra o carro mais icônico de todos os tempos, relembre modelos que tentaram concorrer com o besouro ou ocupar o lugar dele
Neste 20 de janeiro você vai ler diferentes listas sobre o carro mais amado de todos os tempos. E também inúmeras e justas reverências a ele. Aqui no Brasil, comemora-se o Dia Nacional do Fusca, mas o eterno Besouro tem outros datas de celebração, inclusive um dia mundial. Nada mais justo para um carro que foi um sucesso estrondoso, atravessou gerações e, claro, atraiu muitos “rivais”.
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A data nacional é uma referência ao início da produção no Brasil, em 20 de janeiro de 1959, na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP). Até 1986 – e de 1994 a 1996 -, foram cerca de 3,1 milhões de unidades de um carro que se confundia com as paisagens urbanas e rurais brasileiras nos anos 1960 e 1970.
Mundialmente, o carro também é icônico desde sua primeira unidade produzida, em 1936. E ícones, obviamente, são seguidos ou copiados. Ao longo da história, foram vários os carros que quiseram repetir (ou, pelo menos, tentaram repetir) o sucesso e a empatia do Fusca.
Separamos hoje uma relação com modelos que arriscaram assumir esse posto. Seja em vendas, em posicionamento de mercado ou mesmo de forma conceitual no imaginário do mercado. Muitos da própria Volkswagen. Outros da concorrência. Conheça 10 carros que queriam ser o Fusca.
O hatch nasceu realmente com a missão de substituir o Fusca no Brasil. A ideia surgiu em meados da década de 1970, quando a crise do petróleo fez a VW Brasileira trocar o projeto de um esportivo com motor do Passat para um carro robusto que aguentasse a buraqueira das ruas do país – e, aos poucos, fosse ocupando o lugar do Fusquinha.
Como se sabe, o Gol cumpriu a missão de substituir o besouro com sobras, mas no começo a tarefa foi árdua. Primeiro exemplar do Projeto BX, o hatch foi lançado em 1980 baseado em dois modelos europeus emblemáticos (VW Scirocco e o Audi 80). Porém, usava o mesmo motor 1300 boxer a ar do Fusca. O apelido de chaleira veio mais rápido do que o sucesso comercial.
O Gol só embalou nas vendas ao longo dos anos seguintes, depois de receber um propulsor 1.6 (ainda a ar) e, posteriormente, o consagrado MD 270, em 1985. Missão dada, missão cumprida, o Gol “aposentou” o Fusca em 1986 no Brasil (o carro voltaria entre 1994 e 1996 como afago político) e se mostrou ainda mais fenomenal.
Com três gerações e cinco reestilizações, foi o automóvel mais vendido do país por 27 anos seguidos e é o veículo mais comercializado da história no Brasil, com mais de 8,5 milhões de unidades produzidas em pouco mais de 40 anos. E mesmo com poucas versões, defasado e com o fim próximo, o Gol ainda hoje figura entre os 10 mais emplacados do mercado.
Esse é até conhecido mesmo como Fusca francês, e não é exagero. Inclusive, tem uma história inicial bem parecida com a do besouro alemão. Foi “encomendado” nos anos 1930 para ser um carro acessível e robusto, especialmente em uma França cuja maioria da população morava no campo.
Detalhe é que o 2CV foi apresentado no Salão de Paris de 1939, mas só foi lançado para valer em 1948, no mesmo autoshow – devido à Segunda Guerra Mundial e depois à escassez de insumos. Mantinha as características do projeto original TPV (Toute Petite Voiture, “carro bem pequeno”), com baixo peso, consumo na casa dos 30 km/l e capacidade para até quatro pessoas.
O motor de 9 cv proporcionava uma velocidade máxima de 65 km/h. Um fato inovador na mecânica era a tração dianteira, pouco comum nos carros da época, ainda mais nos modelos de entrada do mercado.
Em pouco tempo o 2CV se tornou um sucesso. Chegou a ter fila de espera de três anos (!!!) na década de 1950 e por anos a fio vendeu muito – com direito a uma variante furgão. O tempo de produção comprova: foi feito até 1990 em Portugal (dois anos antes, ainda existia na França), com mais de 3,8 milhões de unidades negociadas – fora os mais de 1,2 milhão de furgões emplacados.
A marca italiana se estabeleceu no Brasil, em 1976, com este compacto que queria medir forças com o Fusca. Para tal, o primeiro Fiat brasileiro trouxe vários pioneirismos para o segmento de entrada do mercado brasileiro. Baseado no 127 europeu e com motor transversal, o 147 era mais espaçoso que o Fusquinha e foi o primeiro automóvel nacional a ter para-brisa laminado e coluna de direção retrátil.
O motor inicial tinha 1.050 cm³ e gerava 55 cv. Ao longo dos anos, teve versões 1.3 e foi o primeiro carro a álcool do país, o saudoso “Cachacinha” – que o AutoPapo dirigiu: assista ao vídeo!
O Fiat 147 teve derivações sedã (Oggi), station-wagon (Panorama), furgão (Fiorino), além da primeira picape compacta derivada de carro de passeio: a 147 Pick-up, de 1978.
Mesmo com suas modernidades, promessa de mais conforto e boas vendas, o 147 nunca foi páreo para o Fusca no Brasil. Somou 710 mil unidades em 11 anos de mercado – três deles convivendo com seu substituto, o Uno, outro Fiat que queria ser o Fusca.
O up! foi considerado um sucessor do Fusca assim que nasceu, ainda como carro-conceito, em 2007. Especialmente porque o projeto do subcompacto previa motor traseiro. A versão definitiva do modelo, que surgiu quatro anos depois, no Salão de Frankfurt, porém, trazia o tradicional motor posicionado na dianteira.
Ainda naquele papo de “Fusca do novo milênio”, na Europa, o up! entrou no lugar do Lupo como o carro de entrada da Volks no continente. No Brasil, seu posicionamento mostrou-se um equívoco. Nas vendas, não chegou nem um pouco a lembrar o saudoso besouro.
Com 8 cm a mais que o europeu, o up! Brasileiro foi lançado no início de 2013. Além do ótimo acerto dinâmico, do alto nível de segurança e da elogiada plataforma modular MQB, ainda trouxe os motores tricilíndricos da Volks, com direito à opção turbo TSI de até 105 cv.
Porém, não tinha nada de acessível como o Fusca. Apesar de ser um subcompacto, sempre teve preços próximos a hatches maiores, como Chevrolet Onix, Ford Ka e Hyundai HB20. Fora o fato de que chegou a ser mais caro que… o Gol. Mesmo assim, saiu de linha em 2021 com mais de 225 mil unidades vendidas em 7 anos.
O modelo mais conhecido no Brasil como Gordini nasceu do Dauphine, uma opção ao Fusca na Europa. O sedã da Renault foi lançado mundialmente no Salão de Paris de 1956 e trazia várias semelhanças com o Volks: motor e tração traseiros e suspensão independente. O propulsor, porém, era refrigerado a água.
O Gordini surgiu dois anos depois como a “evolução” do Dauphine, e foi o principal rival do Fusca naquela época. Por aqui, foi apresentado em 1962 e produzido pela Willys-Overland. Se destacava pelo espaço interno, porta-malas generoso na frente e a conveniência das quatro portas.
No entanto, a fama de fragilidade em nada lembrou a imagem de robustez que um rival do Fusca deveria passar. A suspensão e a transmissão manual de quatro marchas do Gordini eram constantes dores de cabeça para seus proprietários. Quebravam com frequência, o que rendeu ao carro um apelido pouco nobre: “Leite Glória”, por se “desmanchar” como o produto. Foi produzido no Brasil até 1968, após 74 mil unidades feitas.
Na Europa, o Uno foi um compacto revolucionário para o padrão dos anos 1980. Sua forma – apelidada aqui de botinha ortopédica – resultava em um coeficiente aerodinâmico sensacional para o segmento de entrada. Além disso, era econômico, tinha espaço interno superior aos dos rivais e posição de dirigir alta.
Pode não ter sido o “novo” Fusca, mas foi bastante emblemático para a indústria e, em especial, para a Fiat. Além disso, foi a solução para a filial brasileira da marca italiana ter um compacto com mais condições de enfrentar o trio Fusca, Gol e Chevette do que o 147.
No mercado brasileiro, o Uno estreou em 1984. Desde então, tornou-se o grande rival do Gol, ainda mais depois que o Besouro saiu de cena. E com a mesma lógica do Fusca: manutenção simples e barata, e robustez no rodar.
O Uno foi um dos primeiros carros chamados de “populares” nos anos 1990, ao adotar motor 1.0 e se beneficiar do IPI mais baixo. Seu sucesso o fez sobreviver no mercado brasileiro por 30 anos, convivendo, inclusive, com seu sucessor, o Palio, e dando origem a uma nova geração genuinamente brasileira, lançada em 2010.
O Uno raiz saiu de cena em 2014. Já seu sucessor quadradinho deu adeus ao mercado recentemente, em dezembro de 2021. Juntos, somaram mais de 3,5 milhões de unidades no país.
Muitos dos carros que queriam ser (ou concorrer com) o Fusca nasceram em uma Europa pós-Guerra que precisava de carros acessíveis e compactos. O Mini Cooper vem nesta lógica também – e nem de longe lembra o carrinho de luxo de hoje, regido sob o crivo da BMW.
Produzido pela British Motor Corporation, o modelo original surgiu em 1959 como Austin Mini e com “status” de carro popular. Mas foi em 1961 que o engenheiro e projetista de modelos de corrida, John Cooper, botou as mãos no carrinho para envenená-lo. Nascia o Mini Cooper.
Nos anos 1960 e 1970 o modelo foi quase uma espécie de Fusca inglês. Tinha desenho simpático, dimensões enxutas, capacidade para quatro pessoas, baixo consumo e manutenção barata. O fato de ter donos famosos – como George Harrison, Steve McQueen e até a rainha Elizabeth – só reafirmaram o sucesso do carrinho, cuja primeira geração foi produzida até 2000.
A história do Cinquecento se confunde com a do próprio Fusca. Nos anos 1930, no período pré-guerra, a Itália teve o seu carro “popular” antes mesmo de o modelo alemão ser encomendado a Ferdinand Porsche por Adolf Hitler. Era o 500 Topolino, lançado em 1936 para ser o automóvel da classe trabalhadora do país que já vivia sob a sombra fascista de Benito Mussolini.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a Fiat manteve a estratégia (vital para aqueles tempos) de ter um modelo acessível e popular aos moldes do Fusca. Lançou a segunda geração do Cinquecento, chamada Nuova 500, que se transformou em um dos carros mais icônicos da história. Barato, robusto e prático, o 500 foi fabricado até 1975 e totalizou mais de 4 milhões de unidades.
A primeira geração do Golf tinha a missão de mostrar que a Volks podia fazer carros robustos e acessíveis como o Fusca, porém com doses de modernidades. O hatch nasceu em 1974 em meio aos preparativos da Alemanha Ocidental para sediar sua primeira Copa do Mundo, mas com um recado claro nos comerciais da época, que mostravam um Fusca se transformando em Golf.
Com desenho assinado por Giugiaro, o modelo era equipado com motor transversal e tração dianteira. Mas o a aposta deu certo: em dois anos, o Golf somou 1 milhão de unidades vendidas.
Oito gerações depois o hatch segue vivo no exterior. Ele pode não ser o sucessor do Fusca, e estar longe de ser a porta de entrada para os carros da marca alemã. Porém, fato que o primeiro Golf pavimentou o caminho da linha inspirado no velho besouro.
O subcompacto foi uma nova proposta de carro de entrada nos anos 1990. Com carroceria monovolume, 3,43 metros de comprimento e menos de 800 kg, chegou em 1992 com estilo diferente e ótimo aproveitamento do espaço interno – com direito a bancos que rebatiam quase a ponto de virar uma cama.
O nome ilustrava bem a faceta descolada do carrinho. Twingo é uma corruptela de parte de ritmos musicais: twist, swing e tango. Sua primeira geração foi feita entre 1992 e 2007. No Brasil, foi lançado em 1994 e chegou a ser produzido no Uruguai – deixou de ser vendido aqui em 2002.
Claro que um dos carros que tentou, conceitualmente, substituir o Fusca foi o New Beetle. Só que conceitualmente, mesmo. Feito sobre a plataforma do Golf de quarta geração, o carro retrô estava longe de ser um modelo compacto e popular quando foi lançado, em 1997. No estilo, contudo, arrancou suspiros nostálgicos de muitos fãs do besouro.
No Brasil, o New Beetle foi importado do México entre 2000 e 2010. Foi remodelado e voltou a ser vendido aqui em 2012 com o nome Fusca – por orientação da matriz alemã, que permitiu que cada mercado adotasse o nome original da “primeira geração”. O modelo deixou de ser produzido em 2019.
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New Beetle
Esqueceram de citar o Ford Ka, que parece um Fusca, só que sem paralamas…
E a VW Variante, ficou de fora?
Ahaammm, todos queriam ser o Fusca sim! Claro q sim.. vão jogar dominó na pracinha! Cada coisa…
Vários genéricos, alguns muito bons, mas nada que se compare ao original. O Fusca tem carisma, charme e personalidade, e até hoje chama atenção. Sempre imitado, jamais igualado.
Falando apenas de design, de carro-conceito, faltou mencionar o Ford Ka, que em seu lançamento (1997) tentou de fato imitar o Fusca como carro urbano popular de pequeno porte e econômico. Apesar de o concorrente a ser batido ter sido o Renault Twingo, lançado dois anos antes, não dá para desconsiderar as referências ao Fusca, incluindo a estética arredondada e baixo custo de manutenção.
Boa tarde pessoal,
Linda matéria, no entanto, não mencionaram a brava Brasilia, que também foi fabricada com 04 portas e foi um carro que fez história no mercado Brasileiro. Projeto genuinamente Brasileiro.
Com toda certeza no caso brasileiro faltou falar do famoso VW brasilia. Indispensável para esta história!
Achei que iria ver aqui a TL… acho que esqueceram.
Faltou o fox
…estão enganados… Todos tentaram o sucesso e genialidade do 2CV… Inluindo o Carocha (Fusca). Já tive ambos mas rendi-me ao 2CV. O meu tem 32 anos e leva-me todos os dias ao trabalho e a divertidas viagens de lazer. Tem um atrelado para os meus kayaks e suporte de bicicletas no tejadilho. É imparável e gasta pouco. Um must !!!
Vcs me desculpem mas como foram esquecer o DKV vemag Maior concorrente do fusquinha,pelo bx consumo,durabilidade,sendo bem maior em numero de carros na praça qdo da liberação de taxis volks .
O bx não é o da foto, mas vale a informação e o New Beetle não é fusca nem novo fusca. Kkkkkk
O Gol 1000 foi o último carro com PLATAFORMA BX, você está confundindo com o MODELO BX refrigerado a Ar. O New Beetle é sim um novo Fusca devido ser uma releitura deste, só que usou o nome original BEETLE em outras partes do mundo nesta geração, diferente da última geração que usou o nome original da primeira geração.
Isolemos por um momento o fusca da ideologia política que o originou.
Quando observamos um carro como o fusca sob o microscópio, vemos que todo o seu design e engenharia foram concebidos para entregar um produto final simples, confiável, durável, eficiente, confortável, e sobretudo, accessível. Daqueles envolvidos no projeto, ninguém estava preocupado em extrair a maior quantidade possível de dinheiro do consumidor. De fato, era verdadeiro o oposto: O fusca foi praticamente um presente.
Portanto, considerando esta maneira de pensar, o carro que mais se aproximou da ideia original foi o 2CV; porém, o toque da engenharia francesa acabou criando-o espartano demais, e com soluções de engenharia esdrúxulas.
Para falar a verdade o fusca e um plagio de outro carro a Volks na verdade aproveitou da guerra para roubar a ideia pra si, o sucesso de outros sendo que o fusca de verdade nasceu na Checoslováquia T87. Sucesso que nem dele era entao com a guerra usurparam a verdade
Pra mim, o mais emblemático é o Citroen 2CV… Projeto dos anos 30 com 4 portas, motor e tração dianteira, porta-malas, teto tipo “skywindow”… Vanguarda parando pra pensar… É tipo a configuração básica de agora quase 100 anos depois.
Morei no Chile nos anos 80, e o Citroen 2CV era literalmente o “fusca” de lá.
Localmente apelidado de “Citroneta”, destacava-se por ser o mais barato do mercado, além da sua manutenção mais em conta e mais simples de se fazer.
Um projeto tão enxuto e econômico, ainda que robusto, que até o VW Fusca conseguia ser mais caro e “sofisticado” do que ele.
Onde está a Brasília?? A primeira tentativa da Volks de suceder o Fusca! Eu abri a notícia esperando encontra-la!