Apelidos que os carros receberam no Brasil
Listamos cinco apelidos, entre clássicos e modernos, maldosos e bondosos, que os carros receberam dos brasileiros
Por Daniel Camargos 07/09/17 às 18h22Quase todo mundo já recebeu algum apelido na vida. Alguns são carinhosos. Outros nem tanto. Com os carros não poderia ser diferente. Selecionamos apelidos que marcaram época e explicamos as motivações da alcunha.
Caixão e Corno

O nome do VW Sedã, aliás, é um apelido que foi oficialmente adotado pela marca no Brasil. O quarto veículo mais vendido da história (atrás do Toyota Corolla, das picapes da Ford F-Series e do VW Golf) ganhou a alcunha por causa do som do V em alemão, que se assemelha a nossa pronúncia do F, daí a sonorização Folks. De Folks foi para Fusca na boca do brasileiro até ser adotado oficialmente pela fabricante em 1983.
Em outros países o modelo criado por Ferdinand Porsche a pedido do governo nazista da Alemanha, também recebeu apelidos carinhosos. Käfer (besouro) na Alemanha; Ecarabajo ou Cucaracha (escaravelho ou barata) em países de língua espanhola; Maggiolino (pequeno inseto) na Itália e Coccinelle (joaninha) nas nações francófonas.
Duas versões do Fusca produzidas no Brasil receberam apelidos bem menos carinhosos
O VW 1600, o Fusca de quatro portas, foi chamado de Zé do Caixão. A referência não era para o personagem homônimo interpretado pelo cineasta José Mojica Martins. Se devia ao formato do sedã, com as maçanetas da porta parecidas com a de um caixão. O modelo teve vida curta. A produção começou em 1969 e foi enterrada (desculpem o trocadilho) em 1971.
A versão com teto solar recebeu a alcunha de Cornowagen. Há quem diga que abertura no teto dava mais espaço para os chifres do motorista. Maldade pura. Outro fato que contribuiu para a fama do modelo foi o comercial de televisão. Ao final, uma modelo coloca meio corpo para parte de fora do teto solar e acena para quem passa. A sociedade, ainda mais machista na década de 1960, conseguiu enxergar ali motivos para o veículo ser considerado coisa de corno.
Carro do Padre

O brasileiro nas décadas de 60 e 70 parecia, algumas vezes, um personagem de Nelson Rodrigues. A sombra do dramaturgo na sociedade (ou seria o reflexo do cotidiano nas obras dele) transpunha a linha tênue entre ficção e realidade e levava os dilemas de alcova até para os carros. Nem a igreja foi perdoada.
Os automóveis DKW produzidos por aqui entre 1956 e 1967, com a licença Vemag, eram equipados com motor de dois tempos, com óleo misturado à gasolina. Logo, não era preciso trocar o lubrificante.
Por não trocar o lubrificante, Belcar, Vemaguete, Fissore e até o jipe Candango ganharam a alcunha de: “Carro de Padre”. Precisa explicar o motivo? Se sim, a ausência da troca de óleo é uma alusão ao voto de castidade dos celibatários.
Godzilla

Do universo sacana do Brasil de antigamente para um monstro japonês. Nada da picardia de corno ou celibatário. O esportivo Nissan GT-R ganhou de jornalistas australianos o apelido de Godzilla, o monstrão criado por uma explosão nuclear e que já protagonizou quase 60 filmes.
A fama percorreu o mundo. Pudera. O GT-R é um exagero. Equipado com motor 3.8 V6 biturbo chega a 572 cavalos a 6.800 rpm e 64,9 kgfm entre 3.300 e 5.800 rpm (!!!). Está na sexta geração e o motor é montado, manualmente, por takumis (artesões em japonês). O câmbio é de dupla embreagem e seis velocidades. Velocidade máxima: 313 km/h. Esse pode, sem dúvida, ser chamado de monstrão.
Devagoster

Se o japonês aí de cima é monstrão, o coreano em questão é um bobão. A Hyundai quando lançou o Veloster no mercado brasileiro, em 2011, anunciava potência de 140 cv. Porém, tinha apenas 128 cv. A empresa, representada pela CAOA, teve que assinar um termo de ajustamento de conduta e pagar multa de R$ 1,6 milhão por propaganda enganosa.
Teve até consumidor que ganhou ação individual alegando ter sido enganado por propaganda enganosa. Já contemporâneo do tribunal sumário das redes sociais o “esportivo” da Hyundai levou a alcunha de Devagoster. Coitado, né? Dos consumidores, é claro.
Belo Antônio

A impotência nunca foi perdoada. Se o design do Veloster pode não agradar a todos, são raros aqueles com capacidade de chamar de feio o Simca Chambord, produzido no Brasil entre 1959 e 1967.
Era, sem dúvida, um lindo design francês, equipado com motor V8, mas com a performance bem limitada. Logo, levou o apelido do galã italiano Marcello Mastroianni, que em 1960, estrelou a produção ítalo-francesa Il Bell’ Antonio. As mulheres ficavam caidinhas pela beleza dele, mas na hora do vamos ver era impotente.
O motor do Simca era V8 de 2.351 cm³ de cilindrada e que rendia apenas 84 cv. Muito pouco para os 1.215 kg distribuídos em 4,75m de comprimento. Sem potência de nada valia a traseira estilo rabo de peixe, a linha de cintura alta, os cromados espalhados e as então pouco usuais quatro portas. Virou apenas um Belo Antônio.
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