[Avaliação] Fiat Argo Trekking: um pouco além dos penduricalhos aventureiros
Suspensão elevada pouco alterou a dirigibilidade do hatch, o que é bom; preço é competitivo, mas há pouca oferta de itens de série
Suspensão elevada pouco alterou a dirigibilidade do hatch, o que é bom; preço é competitivo, mas há pouca oferta de itens de série
Havia quem pensasse que os aventureiros corriam risco de extinção. Afinal, os SUVs se proliferaram de tal modo no mercado que oferecem, hoje, algumas opções relativamente acessíveis, com preços pouco mais altos que os de um hatch compacto top de linha. Mas a necessidade de sobreviver provoca reações inesperadas. O Fiat Argo é um bom exemplo: em vez de a nova versão Trekking ser a mais cara da gama, nasceu para ocupar posição intermediária.
Assista à avaliação em vídeo do Fiat Argo Trekking!
Isso significa que o Fiat Argo Trekking toma como base quase toda a mecânica da configuração Drive 1.3. Exceto pela decoração aventureira, com enxertos plásticos e adesivos na carroceria, além de teto pintado de preto, quase tudo é igual entre eles. Quase! Graças à elevação da suspensão e à adoção de pneus de uso misto, o vão livre do solo chegou a 21 cm. São significativos 4 cm a mais que na versão Drive. No mais, apenas a direção elétrica foi recalibrada.
Todo o resto é igual entre as duas versões, inclusive o motor. O 1.3 da família Firefly tem quatro cilindros, oito válvulas com comando único movimentado por corrente. Integralmente feito em alumínio, o propulsor tem sistema de partida a frio sem tanquinho e desenvolve 109 cv de potência com etanol e 101 cv com gasolina. O torque de 14,2 kgfm com o combustível vegetal e de 13,7 kgfm com o derivado do petróleo.
Ao contrário do que ocorre no Fiat Argo Drive, a configuração Trekking tem apenas uma opção de transmissão. Ao menos por enquanto, o hatch aventureiro é equipado unicamente com caixa manual de cinco marchas. Nada do automatizado GSR, nem mesmo como opcional. Tudo indica que, futuramente, será oferecido um câmbio automático do tipo CVT para as versões 1.3 do modelo. A Fiat, por enquanto, não confirma essa hipótese.
Em movimento, é até difícil notar diferenças entre o Fiat Argo Trekking e a versão Drive 1.3. Isso é bom: sinal que a elevação da suspensão não prejudicou a estabilidade. O acerto do conjunto é equilibrado, de modo a absorver bem as imperfeições do solo sem deixar o veículo “bobo” em curvas.
A estabilidade é boa para um hatch aventureiro. No limite, percebe-se que a rolagem da carroceria é ligeiramente maior que nas demais configurações. Mesmo assim, o resultado é satisfatório. A direção é que poderia ser um pouco mais comunicativa. Embora a assistência tenha efeito regressivo, que aumenta a firmeza do volante em alta velocidade, suas reações são um tanto artificiais.
O maior barato do Fiat Argo Trekking é passar por lombadas, valetas e outros obstáculos urbanos sem exigir cuidado redobrado do motorista. A suspensão elevada deixa a parte inferior da carroceria livre de raspões contra o solo. Isso, inclusive, em estradas de terra ou em vias de pavimentação irregular, como as da cidade histórica mineira onde o veículo testado pelo AutoPapo foi fotografado. Comportamento coerente para um aventureiro sem maiores recursos off-road.
O motor 1.3 da Fiat, como no restante da linha Argo, atende bem. Graças à entrega do torque em baixa rotação, o hatch é bastante ágil no trânsito urbano. Em algumas situações, chega a parecer que o motor é até maior. Já na estrada, as limitações do conjunto ficam mais evidentes, embora o desempenho ainda seja razoável
O câmbio é que poderia ter manuseio melhor. Apesar de seus engates serem nitidamente melhores que os antigos hatches da Fiat, como Palio e Uno, ainda falta alguma precisão. Além disso, a alavanca ainda tem curso longo demais.
Já os freios, com discos sólidos na dianteira e tambores na traseira, estão um pouco abaixo do que se espera de um veículo da categoria. Mesmo em hatches compactos, é comum a utilização, ao menos, de discos ventilados no eixo frontal. Eles até imobilizam adequadamente o veículo, mas não apresentam brilho algum.
Nas aferições do AutoPapo, o consumo do Fiat Argo Trekking foi de 7,5 km/l na cidade e de 10,3 km/l na estrada, com etanol. Com base nos números obtidos pela reportagem, o tanque de combustível proporciona uma autonomia de 513 km. Tais marcas são condizentes com um hatch compacto aventureiro.
Os números informados pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBE) do Inmetro são parecidos. Na tabela oficial, consta consumo de 8,5 km/l em ciclo urbano e de 9,6 km/l em trajetos rodoviários, com etanol. As médias com gasolina são de 12,1 km/l e de 13,5 km/l, respectivamente, segundo o PBE.
O acabamento é um dos pontos altos do Fiat Argo. Na versão Trekking não é diferente: apliques cromados e utilização de diferentes texturas alegram o habitáculo. Os plásticos são invariavelmente rígidos, mas têm baixo brilho e são bem-montados. As portas dianteiras têm enxertos estofados, mas as traseiras, não.
De qualquer modo, para um hatch compacto, o resultado está acima da média. O aventureiro da gama diferencia-se de seus “irmãos” pelo revestimento perto no teto e nas colunas. Console central e painel têm peças escurecidas, e todas as logomarcas também são negras.
As maiores derrapadas do Fiat Argo Trekking estão na ergonomia. Na versão aventureira, o volante é regulável em altura, mas não em distância. Por isso, nem todos encontram boa posição para dirigir. Além disso, um inconveniente antigo na linha de compactos da Fiat persiste: os pedais muito próximos e deslocados para a direita. Assim, o motorista precisa acionar a embreagem deslocando levemente a perna para o lado. O resultado é cansaço ao conduzir por períodos mais longos.
O espaço interno satisfaz para o porte do veículo. Quatro adultos acomodam-se sem dificuldades no Fiat Argo Trekking, graças aos bons vãos para a cabeça e as pernas de quem se senta no banco traseiro. É desconfortável transportar cinco pessoas, mas isso é comum em hatches compactos. Além do mais, todos os ocupantes contam com cintos de três pontos e encosto de cabeça.
O porta-malas, de acordo com a Fiat, tem 300 litros de capacidade. Trata-se de um volume razoável em comparação aos concorrentes, mas vale destacar que o compartimento é relativamente curto. Portanto, o aproveitamento é mais verticalizado, o que dificulta um pouco a acomodação da bagagem. Porém, o maior problema é que o banco traseiro não é bipartido, o que limita as possibilidades de rebatimento.
O Argo Trekking tem preço sugerido de R$ 58.990. Esse valor é ligeiramente mais baixo que o dos concorrentes diretos Renault Sandero Stepway (R$ 61.590), Ford Ka Freestyle (R$ 56.690), Hyundai HB20X (R4 63.990) e Chevrolet Onix Activ (R$ 62.290).
Entretanto, o aventureiro da Fiat é menos equipado: não vem de série com rodas de liga leve e câmera de ré. Um exemplar completinho, como o avaliado, inclusive com a pintura vermelha Monte Carlo, vai para R$ 62.080 e perde parte da competitividade.
Outra falta muito relevante é a dos controles de estabilidade e tração. É verdade que essas salvaguardas eletrônicas também não são oferecidas na maioria dos concorrentes: apenas o Ka Freestyle as disponibiliza.
Mas o Sandero Stepway deverá recebê-las ainda neste mês, no lançamento da linha 2020. Assim como ele, o novo HB20X também terá reforços entre os itens de proteção aos ocupantes. Atualmente, o pacote de segurança do Fiat Argo Trekking vai pouco além dos obrigatórios por lei airbags frontais e freios ABS.
O pacote de itens de série do Fiat Argo Trekking inclui ar-condicionado manual, vidros elétricos nas quatro portas, retrovisores elétricos, chave com telecomando, faróis de neblina, alarme, computador de bordo, sensores de estacionamento, sistema de monitoramento da pressão dos pneus e banco do motorista com regulagem de altura. O modelo vem ainda com central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque. O sistema é compatível com Apple CarPlay e Android Auto.
Um dos maiores atributos do Fiat Argo Trekking é a jovialidade. Afinal, ele é um produto recém-lançado e, por isso, deve demorar alguns anos para mudar. Enquanto isso, dois de seus concorrentes diretos, Sandero Stepway e Hyundai HB20X, receberão atualizações ainda neste ano. Portanto, comprá-los agora pode não ser vantajoso, a menos que o interessado pechinche bastante. O Ka Freestyle também é atual, mas tem o preço mais alto dos três.
Entretanto, a momentânea tranquilidade do modelo no mercado logo poderá se transformar em sufoco. Afinal, em breve ele enfrentará dois rivais atualizados e, espera-se, também mais equipados. Que o Fiat Argo Trekking é um bom aventureiro, não há dúvida. Porém, poderia ser uma opção mais interessante se disponibilizasse, de série, mais equipamentos, principalmente voltados à segurança.
Ficha técnica | Fiat Argo Trekking |
---|---|
Motor | Dianteiro, transversal, flex, 1.332 cm³, com quatro cilindros, de 70 mm de diâmetro e 86,5 mm de curso, e oito válvulas, com comando único |
Potência | 101 cv (gasolina) a 6.000 rpm e 109 cv (etanol) a 6.250 rpm |
Torque | 13,7 kgfm (gasolina) e 14,2 kgfm (etanol) a 3.500 rpm |
Transmissão | manual de cinco marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira |
Rodas e pneus | Rodas de liga leve (opcionais) 6” x 15”; pneus 205/60 R15” |
Freios | discos sólidos na dianteira e tambores na traseira, com ABS |
Direção | assistida eletricamente, diâmetro de giro de 10,4 m |
Dimensões | 3,998 m de comprimento, 1,724 m de largura, 2,521 m de distância entre-eixos, 1,568 m de altura |
Peso | 1.130 kg |
Vão livre do solo | 210 mm |
Carga útil | 400 kg |
Tanque de combustível | 48 litros |
Porta-malas | 300 litros |
Fotos Alexandre Carneiro | AutoPapo
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Tem alguma possibilidade do Argo trekking 1.3 2021 ter o controle de estabilidade?
Comprei o meu e digo que acordo feliz para trabalhar e sentir prazer em dirigir um carro como esse. Não existe perfeição absoluta, mas este Argus é ótimo. Excelente e verdadeira matéria Autopapo!!
Gostei muito do artigo do seu site. Estarei acompanhando sempre.Grata!!!
Quero comprar um estive na concessionária ontem mais fiquei na dúvida, será que van lança com câmbio CVT?
Eu nunca gostei muito de dirigir, mas, depois que adquiri este modelo, minha percepção mudou.
Cada vez mais satisfeito, embora concorde com os senões apresentados na matéria.
Minha opinião é que a Fiat tinha carros
Bons de venda como uno o palio e a doblo adventure o tempra que vendia bem era so fazer ajustes em algums pontos do carro.
E não almentar absurdos os preços o Brasileiro não ganha tanto assim para pagar por 1 carro 55.000.muito menos 70.000.
E cada vez fica mais distante de ter 1 carro zero ou trocar por 1 zero
O dia que a Fiat aprender a fazer um câmbio manual descente eu penso em comprar um Fiat ! Freios a disco rígido e um absurdo. Daqui a pouco a Fiat vai colocar tambor nas quatro rodas !
Gustavo o câmbio da Fiat é muito bom só precisa do tempo exato, ex: temos que aguar alguns segundos p engrenar a ré.
Estou amando meu vermelhinho!No início no foi fácil pois tive uma história de 4 Cross fox e a ideia da troca me assustou muito!Mas a cada dia me surpreendo.
Comprei um essa semana. Estou gostando muito dele. E muito bonito
Muito boa reportagem da AutoPapo , tenho um Fiat Argo trekking e a matéria reflete realística mente a avaliação do Argo trekking , parabéns
Obrigado, Jorge!
Vidros elétricos nas quatro rodas é uma grande inovação. Estou impressionado!!!