Catalisador pode ter longa vida útil: manutenção é fator determinante
Agentes externos, como uso de combustível adulterado ou colisões, podem causar danos; saiba tudo sobre esse componente
Agentes externos, como uso de combustível adulterado ou colisões, podem causar danos; saiba tudo sobre esse componente
Ele chegou ao Brasil nos anos 90 e rapidamente se proliferou. Nos dias de hoje, está presente em todos os tipos de veículos: de motocicletas e automóveis até ônibus e caminhões. É o catalisador, peça fundamental para reduzir os níveis de emissões de poluentes.
Sua função é transformar gases nocivos, como Óxidos de Nitrogênio (NOx), Monóxido de Carbono (CO) e Hidrocarbonetos (HC), em substâncias inofensivas, entre as quais Dióxido de Carbono (CO₂), Nitrogênio (N₂) e água (H₂O). Segundo a fabricante de autopeças Umicore, até 98% dos tóxicos emitidos pelo funcionamento do motor deixam de oferecer risco à saúde graças à ação do catalisador.
“Em grandes centros, principalmente, é fundamental tratar esses gases”, explica Vladimir Ferrari, gerente de desenvolvimento técnico da Basf para a América do Sul. Ele lembra que substâncias tóxicas provocam uma série de doenças. Por isso, especialmente em locais onde há grande concentração de veículos, a ausência do catalisador traria imensos problemas de saúde pública.
Visto por fora, o catalisador parece ser apenas uma cápsula de aço. Mas, no interior da peça, há uma colmeia cerâmica ou metálica, que contém elementos nobres como platina, paládio e ródio. Esse substrato, quando entra em contato com as substâncias expelidas pelo motor, provoca reações químicas. O resultado é justamente a transformação de gases tóxicos em outras inofensivas.
Geralmente, essa peça é posicionada próxima ao coletor de escape do motor, antes do silenciador intermediário do cano de descarga. Porém, a localização pode variar um pouco de acordo com o veículo. A quantidade desses equipamentos também muda. Muitos automóveis têm apenas um catalisador, mas há casos em que são aplicadas duas unidades.
O projeto do catalisador como um todo também varia. Motores equipados com turbocompressor e injeção direta, por exemplo, produzem uma queima de combustível distinta, o que altera as propriedades do escape. Automóveis híbridos também exigem sistemas catalíticos específicos, capazes de entrar em ação rapidamente, ainda em baixas temperaturas.
A Basf, que fabrica catalisadores, destaca que esse item não é uma barreira. Desse modo, não impede a saída dos gases de escape. Pelo contrário, trata-se de uma peça de passagem livre, que não gera perda de pressão. Consequentemente, o desempenho do motor do carro não é prejudicado.
O catalisador que vem de fábrica no veículo é projetado para funcionar perfeitamente por, no mínimo, cinco anos ou 80 mil quilômetros. Porém, após esse prazo, o componente pode permanecer em boas condições por muitíssimo mais tempo e ter uma longa vida útil.
Ferrari afirma que, na maioria dos casos, o catalisador nunca precisa ser substituído, pois sua durabilidade equivale à do automóvel como um todo. A troca só é necessária se houver ação de um agente externo. “Pode acontecer um dano por uso de combustível adulterado, por exemplo. Ou, em uma colisão, ele pode quebrar”, exemplifica.
Por isso, o especialista aconselha que os motoristas tenham cuidado na hora de abastecer, para assegurar a durabilidade do catalisador. Além disso, ele salienta que a boa manutenção do veículo, com revisões de acordo com o plano previsto no manual, também é fundamental.
Miguel Zoca, gerente de aplicação de produto da Umicore, também condiciona a durabilidade do catalisador à manutenção do veículo. “As principais causas de dano ao catalisador são falhas no sistema de ignição”, esclarece. O especialista explica que, como o componente trabalha em altíssimas temperaturas, o contato com combustível não-queimado pode ser fatal. É por isso que velas, cabos de velas e outras peças ligadas à ignição, em especial, não podem ser negligenciadas.
Outra possível causa de problemas no catalisador, segundo Zoca, é a utilização de óleos lubrificantes incompatíveis com o motor. Fluidos de viscosidade muito baixa, por exemplo, podem escorrer até o escapamento. Existe a possibilidade, ainda, de elementos presentes no lubrificante ficarem impregnados no componente. “O óleo deve ser trocado adequadamente, de acordo com as especificações do manual do proprietário”, recomenda o especialista da Umicore.
Práticas danosas ao catalisador | Consequências |
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Negligenciar a manutenção do veículo | A vida útil do catalisador depende do bom funcionamento do sistema de ignição. Isso garante a passagem apenas de cases pelo componente; o contato com combustível não queimado pode inutilizar a peça. |
Fazer o veículo "pegar no tranco" | Outra prática que pode permitir a passagem de combustível ainda em estado líquido até o catalisador. |
Uso de combustível adulterado | Uma combustão em condições adequadas é essencial para a durabilidade do catalisador. Combustível adulterado ou de má qualidade provoca queima irregular, com um resultado químico inadequado. |
Uso de óleo lubrificante fora das especificações | Essa prática pode contaminar o catalisador com elementos com os quais ele não foi projetado para ter contato. Em alguns casos, o próprio lubrificante pode atingir diretamente o componente. |
Colisões | O catalisador pode se quebrar ao sofrer um impacto. Acidentes ou até mesmo um choque mais mais violento contra o solo pode causar grande estrago. |
O indícios mais claros de mau-funcionamento do catalisador, segundo Ferrari, são aumento de consumo e ruídos anormais; este último indica que a peça está quebrada. Porém, o especialista da Basf recomenda que, antes de efetuar a troca, o proprietário submeta tal componente a uma avaliação criteriosa, em local especializado.
Caso seja realmente fazer a troca, Zoca recomenda uma checagem em todo o sistema de ignição do veículo. A finalidade dessa inspeção é identificar possíveis causas de dano ao catalisador. “A oficina deve verificar o estado das velas, da sonda lambda e de outros componentes”, aconselha. O gerente da Umicore adverte que esse procedimento serve para assegurar que o novo componente vai trabalhar em boas condições, o que é determinante para sua vida útil.
Nos caros casos em que a substituição se faz necessária, há quem opte por instalar um item conhecido como “abafador” em seu lugar. Trata-se de uma caixa metálica preenchida com lã de vidro ou palha de aço. Por isso, tem preço bem menor: chega a custar metade ou até um quarto de um catalisador. Porém, não é capaz de reduzir sequer minimamente as emissões de poluentes do veículo.
Instalar um abafador, afirma Ferrari, significa deixar o carro sem o catalisador. “Essas peças são apenas simulacros”, adverte o gerente da Basf. Ele lembra que, ao adquirir componentes do gênero, o consumidor deve optar por um que tenha selo do Inmetro.
Uma alternativa mais econômica é instalar um catalisador com durabilidade mínima menor, de apenas 40 mil quilômetros. Além de mais baratos, essas similares paralelos podem valer a pena para proprietários de veículos muito rodados. Zoca pondera que, apesar da vida útil menor, o funcionamento é correto. “Se (o componente) for certificado pelo Inmetro, não há problema”, conclui.
Alguns proprietários pensam que, se o catalisador for retirado, o motor do carro ficará mais potente. Ledo engano: na verdade, todo o sistema de alimentação e exaustão do veículo, o que inclui a injeção eletrônica de combustível, é projetado já levando em consideração a utilização desse componente.
A retirada do catalisador pode até causar efeito contrário ao pretendido. “O motor sai das condições ideias de trabalho e podem ocorrer falhas na injeção eletrônica, além de aumento de consumo”, adverte Ferrari. O técnico salienta ainda que essa prática não traz vantagem alguma. “O maior dano que uma pessoa que fizer isso estará causando é à própria saúde”, pontua.
Até os anos 80, não havia uma regulamentação para restringir os níveis de poluentes emitidos pela frota do país. Só em 1986 surgiu o Proconve (Programa de Controle de Poluição do ar por Veículos Automotores), primeira iniciativa em âmbito nacional para proteger o meio ambiente dos gases expelidos pelos automóveis.
Graças à implementação da fase L2 do Proconve, em 1992, surgiram os primeiros carros de passeio nacionais com catalisador. A maioria deles ainda vinha equipada com carburador, o que reduzia a eficiência de tal componente.
É que, sem a injeção eletrônica, a alimentação do motor não permitia uma combustão perfeita do combustível. Os carros equipados com esse conjunto são lebrados por emitir odores desagradáveis, graças à presença de enxofre entre os gases emitido e pelo escapamento. Ademais,o carburador muitas vezes permitia a exaustão de gasolina não-queimada, que abreviava a vida útil do catalisador.
Em 1997, entrou em vigor uma nova fase do Proconve: a L3. Mais rigorosa, ela selou a adoção de sistemas de injeção de combustível multiponto e catalisadores em todos os automóveis vendidos no país. Isso eliminou os problemas de mau-cheiro e de durabilidade. De lá pra cá, já foram implementadas as fases L4 (2005), L5 (2009), L6 (2014).
O Proconve também contempla veículos pesados, que teve fases próprias. Elas estipulam diretrizes específicas, um pouco diferentes das destinadas veículos com motores a gasolina e etanol. A primeira foi a P1, mas atualmente está em vigor a fase P7. Já as emissões de poluentes de motos são regulamentadas pelo Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares), que está na fase P4.
As fases L7 e P8 do Proconve já têm data para entrar em vigor: estão previstas para 2022. Para atendê-las, os fabricantes de veículos já estão adotando novas tecnologias de alimentação e propulsão. Entre as novidades, estão sistemas de injeção direta de combustível e de propulsão híbrida.
Muita gente pensa que o correto é escrever “catalizador”. Porém, na verdade, escreve-se catalisador (com “s”, e não com “z”). Isso porque essa palavra origina-se no termo “catálise”, descrito pelo dicionário Michaelis como “fenômeno que causa a alteração da velocidade de uma reação química pela adição de uma substância (catalisador)”.
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Tenho uma freelander 2013 com 68.000 km com todas as revisões na concessionaria Calmac(land rover -Jaguar). Subitamente, tres dias após a ultima revisão houve “perda de rendimento” diagnosticado pela mesma como “problema no turbo” e depois o problema p identificado pela mesma concessionária como problema no catalisador e o substituiu por módicos R$ 30.000,00 e o problema se manteve. Agora retornaram ao “problema no turbo” e pediram mais R$ 35.000,00 para trocar o turbina.A manutenção foi inadequada. O diagnóstico foi errado; a solução inexistente.Qual a responsabilidade da Land Rover. A incompetência no diagnóstico e na terapêutica. Podem me sugerir como proceder porque estou com o carro parado desde 03.06.21 aguardando a solução e so gastando um valor que ja atingiu 2/3 do valor do carro na concessionaria.
Alguém já disse… -nada é mais caro,do que uma Land Rover barata…
Muito boa a matéria
Fica uma duvida. A frota de veículos sem catalisador no Brasil, ainda é grande?
Tem muito veículo antigo rodando aqui no meu bairro, de 1999 para baixo.