Dieter Zetsche deixa o cargo de CEO da Daimler

Executivo esteve no comando da companhia por 13 anos e anunciou sua aposentadoria durante o escândalo do Dieselgate

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Por AutoPapo
Publicado em 22/05/2019 às 18h30
Atualizado em 23/05/2019 às 13h56

Nesta quarta-feira (22), durante reunião geral do grupo Daimler, o CEO da companhia, Dieter Zetsche, formalizou sua saída do cargo. Ele esteve no topo da alemã por 13 anos, no qual trabalhou por 41 anos. Sua aposentadoria foi anunciado em meio aos escândalos do Dieselgate, no ano passado.

“Com Dieter Zetsche, um executivo excepcional está partindo. Como um antigo membro do conselho de administração e chefe do conselho de administração, ele teve um papel central na formação da Daimler AG, sendo pela necessária separação da Chrysler, superando a crise financeira de 2008/09, ou realinhado a gama e design de produtos”, declarou o chefe do conselho de supervisão da empresa, Manfred Bischoff.

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Ola Källenius (esq.), Manfred Bischoff (centro) e Dieter Zetsche (dir.)

Ola Källenius, 49, membro do conselho de administração, assumiu o cargo de CEO da Daimler, o qual manterá pelos próximos cinco anos. “Com Ola Källenius, nós estamos nomeado um executivo reconhecido, bem-sucedido, e com experiência internacional de dentro do grupo, e que também pode inspirar as pessoas com uma causa sendo o chefe do conselho de administração e diretor da Mercedes-Benz”, continuou Bischoff.

Dieter Zetsche, 66, conquistou respeito como um homem de negócios na Alemanha, e é creditado por tirar a Mercedes-Benz de uma crise financeira e voltar a torná-la uma marca de lucro. Em seu histórico dentro da companhia, ele também foi gerente de vendas e chefe de desenvolvimento.

Apesar disso, o executivo não conseguiu terminar sua carreira sem uma mancha.

Dieter Zetsche (provavelmente) esteve envolvido com o Dieselgate

Embora nunca tenham havido acusações formais contra o profissional, diversas informações apontam para o envolvimento da Daimler no escândalo do Dieselgate. O caso veio à tona em 2015, quando se descobriu a existência de inúmeros modelos de carros a diesel emitindo níveis ilegais de poluentes.

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Estes veículos estavam equipados com um programa eletrônico para burlar os testes laboratoriais de homologação. O software detectava que os testes estavam sendo efeitos e alterava o funcionamento dos carros. Contudo, quando chegavam às ruas, voltavam a emitir níveis criminosos de substâncias tóxicas.

O Grupo Volkswagen foi visto como o grande responsável pela fraude, e pagou bilhões de dólares ao governo e consumidores americanos devido às irregularidades. Executivos em cargos altos da Audi, Porsche e Volkswagen foram presos ou estão sendo julgados.

Depois disso, investigações continuaram sendo feitas, especialmente na Europa, e tem se descoberto que a Volkswagen não era foi a única a cometer as fraudes.

Em 2017, a revista alemã Der Spiegel obteu documentos que apontavam para a existência de um cartel alemão. Os grupos Volkswagen, BMW e Daimler teriam conspirado, por décadas, para controlar preços e estabelecer parâmetros industriais, incluindo o de equipamentos para a redução de emissões.

Entre os documentos publicados pela revista, estavam conversas entre chefões das três companhias. Em um deles, um executivo da Audi afirmava que não havia necessidade de se adequar às leis, pois fabricantes “estavam, há muito tempo, enganando autoridades e consumidores com relação às verdadeiras emissões de veículos”.

Também vieram à tona informações de que Nissan e Renault estavam sendo investigadas ou admitiram envolvimento com o que tem se mostrado um problema sistêmico da indústria automotiva.

Fraude do Dieselgate envolveu instalação de software malicioso em carros com motor a diesel.
No caso Dieselgate, um software fraudava os níveis de poluentes emitidos durante testes (Fabiano Azevedo | AutoPapo)

Mercedes-Benz fez recalls devido a irregularidades

A ideia de que o Dieselgate é, na verdade, uma conspiração de inúmeras fabricantes é amplamente difundida no meio especializado. Uma das razões teria sido a dificuldade da indústria em se adequar às legislações ambientais cada vez mais exigentes na Europa.

Por todo esse tempo, Dieter Zetsche negou, veementemente, seu envolvimento com o Dieselgate. O Executivo chegou a criticar, abertamente, a Volkswagen pelo ocorrido. Contudo, a Mercedes-Benz já fez recalls na Alemanha devido a irregularidades.

No ano passado, cerca de 1 milhão de veículos da marca foram chamados para reparo. O recall foi uma decisão das autoridades alemãs, que obrigaram a companhia a reparar os carros após investigações.

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(Mercedes-Benz/Divulgação)

Enquanto isso, da mesma forma que diversas outras fabricantes próximas ao escândalo do Dieselgate, a Daimler vem prometendo um futuro de ar limpo. Na semana passada, Ola Källenius, que acaba de se tornar CEO da companhia, anunciava planos para produzir veículos com zero emissão até 2039.

Ainda hoje, durante a reunião geral da Daimler, Dieter Zetsche declarava seu compromisso com o meio ambiente.

“Nossa meta é de agir sustentavelmente em todas as áreas do nosso negócio – desde a conservação de recursos e obediência a leis ambientais até a proteção de dados e o respeito pelos direitos humanos. Contudo, o principal foco da nossa atenção atualmente é o carro com baixas emissões.

“E a razão é que o número de carros nas ruas vai continuar aumentando como um resultado da demanda global. As emissões, portanto, devem ser reduzidas urgentemente. Para nós, o Acordo de Paris é mais que um compromisso – é uma convicção”, disse o ex-CEO da Daimler.

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