Mesmo motor em marcas diferentes: a solução para peças caras ou em falta
Na indústria automobilística, o compartilhamento de tecnologias, incluindo sistemas de propulsão, é mais comum do que parece
Na indústria automobilística, o compartilhamento de tecnologias, incluindo sistemas de propulsão, é mais comum do que parece
Você tem um carro da marca Peugeot? Pois saiba que a mecânica dele pode ter sido fabricada pela Renault. Assim como existem modelos da marca Fiat com propulsor Chevrolet e até alguns Volvo com powertrain Ford. Acredite: na indústria automobilística, o compartilhamento de tecnologias é mais comum do que parece, de modo que o mesmo motor muitas vezes é instalado sob os capôs de carros que aparentemente não têm qualquer relação.
Isso tem um lado bom: na hora do conserto, dependendo da peça, é possível utilizar determinados componentes de outro fabricante, sem problema algum, caso o preço dela seja mais barato. Veja 15 exemplos litados pelo AutoPapo:
Desde 2014, Fiat e Jeep se uniram, dando origem ao conglomerado conhecido como FCA. Isso, claro, resultou no compartilhamento de plataformas, transmissões e motores entre veículos de diferentes marcas do grupo. No Brasil não é diferente: a unidade 1.8 16V da marca italiana, da família E.torQ, que equipa Argo, Cronos e Toro, também está presente sob o capô das versões de entrada do Jeep Renegade.
A coisa não para por aí: Toro e Renegade também compartilham um 2.0 turbodiesel, chamado de Multijet, de origem Fiat, que movimenta ainda o Jeep Compass. Por outro lado, o 2.4 Tigershark que equipa algumas versões da Toro, e que, em uma versão mais antiga, já esteve presente também no Freemont, tem origem Chrysler: o mesmo motor, mas com capacidade cúbica reduzida para 2.0, equipa as configurações de entrada do Compass.
No início deste século, Fiat e GM já foram parceiras: a empresa norte-americana deteve parte das ações da italiana, o que resultou no compartilhamento de alguns componentes. No Brasil, as duas dividiram um motor 1.8 de origem Chevrolet, o chamado Família I, que equipou simultaneamente a linha Corsa, incluindo Montana e Meriva, e a gama Palio, da qual fazem parte Strada e Siena, além de Punto, Doblò, Idea e Stilo.
Com a chegada dos propulsores E.torQ e o fim da associação entre as duas multinacionais, o motor em questão voltou a ser usado apenas em automóveis Chevrolet. Atualmente, uma versão atualizada dele está presente nos modelos Cobalt e Spin.
Em meados dos anos 90, o mercado brasileiro sofreu uma reviravolta com a abertura das importações. De uma hora para outra, dezenas de marcas até então desconhecidas para os consumidores passaram a ser oferecidas por aqui. Entre elas, estava a sul-coreana Daewoo, que vendeu carros como Espero e Cielo, diretamente derivados do Vectra de primeira geração e do Kadett, respectivamente, inclusive na mecânica.
A alta do dólar e do IPI fez com que várias dessas empresas encerrassem suas atividades locais, inclusive a Daewoo, que posteriormente fechou as portas no mundo todo. Pelo menos os donos desses modelos puderam utilizar peças mecânicas dos similares da GM.
Muita gente não sabe, mas Kia faz parte do Hyundai Motor Group, o maior conglomerado automotivo da Coreia do Sul. Não surpreende portanto, que as duas marcas utilizem componentes mecânicos idênticos, entre os quais propulsores. Só para ficar nos exemplos mais óbvios, o HB20 compartilha o motor 1.0 com o Picanto e o 1.6 com o Cerato.
Já ouviu falar na Aliança Renault-Nissan? Pois é ela que permite que as duas fabricantes desenvolvam tecnologias em conjunto, para reduzir custos. É esse acordo que faz com que o sedã Sentra compartilhe seu motor 2.0 com o rival Fluence.
Os motores da linha SCe que marca francesa adotou em 2016 – no caso, um 1.0 de três cilindros e 12 válvulas e um 1.6 de quatro cilindros e 16V – também são originários da marca japonesa: atualmente, eles equipam Kwid, Sandero, Logan, Duster, Captur, March, Versa e Kicks.
Mas o contrário também já aconteceu: a descontinuada Nissan Livina utilizava, em suas versões de entrada, um 1.6 16V originário da Renault. As versões 1.8 tinham mecânica diferente, produzida pelo próprio fabricante japonês.
Quando a Peugeot nacionalizou a linha 206, em 2001, não havia motor 1.0 disponível: as unidades importadas para o Brasil até então dispunham de um 1.6, ao passo que, no resto do mundo, as opções começavam com um bloco 1.1.
Recém-instalada no país e necessitando de um motor de baixa cilindrada para seu compacto, a marca francesa acabou recorrendo à arquirrival Renault, que passou a fornecer o powertrain 1.0 16V do Clio, feito em São José dos Pinhais (PR). O contrato de fornecimento acabou em 2004, quando a Peugeot iniciou a fabricação local de um propulsor 1.4.
Há décadas as duas marcas francesas não têm mais linhas distintas de motores: desde que se uniram, no fim dos anos 70, resultando no Grupo Peugeot-Citroën (PSA), desenvolvem projetos e tecnologias em conjunto. Por isso, o C3 e o 208, assim como C4 Lounge e 408, além de C4 Grand Picasso e 5008 têm o mesmo motor e componentes mecânicos idênticos, para ficar apenas em alguns exemplos atuais.
O motor Prince , também chamado de 1.6 THP (sigla para Turbo High Pressure), que equipa os automóveis mais sofisticados das linha Peugeot (308, 408, 3008 e 5008) e Citroën (C4 Lounge e C4 Grand Picasso) foi desenvolvido em conjunto com a BMW, por meio de uma parceria. Por isso, ele também esteve presente sob o capô de produtos das Marcas Mini e BMW, como o Cooper e o Série 1.
Ainda hoje, a Mini gosta de associar sua imagem à Inglaterra, sua terra natal. Todavia, de britânica a marca só tem a origem, uma vez que passou a ser controlada pela alemã BMW em 1994. Desde então, carros das duas empresas utilizam arquitetura e mecânica semelhantes. É o caso, por exemplo, do motor 2.0 turbo de quatro cilindros, que atualmente move desde o Cooper até o Série 3.
A Lexus nasceu por iniciativa da própria Toyota, que precisava de uma marca premium. Logo, adivinhe? Sim, elas têm toda a parte mecânica em comum. Um bom exemplo é o CT200h, cuja propulsão híbrida, formada por motores elétrico e 1.8 a combustão, é praticamente idêntica à do Prius.
O Grupo Ford já foi proprietário das marcas Volvo, Jaguar e Land Rover. É verdade que isso não durou muito: a primeira foi vendida para a chinesa Geely, enquanto as outras duas passaram a integrar a indiana Tata Motors. Mas o negócio permitiu o compartilhamento de propulsores e plataformas.
No Brasil, o Volvo C30 utilizou um 2.0 16V aspirado que, simultaneamente, equipava o Focus. Uma versão atualizada e turboalimentada do mesmo motor equipou Fusion, Range Rover Evoque e Jaguar XE, entre outros modelos.
Nascida como fabricante independente, a Troller foi absorvida pela Ford em 2014. Desde então, o jipe T4 traz o mesmo motor a diesel da picape Ranger. A atual geração vem com um 3.2 de cinco cilindros capaz de gerar 200 cv de potência.
Talvez a Autolatina, que uniu Volkswagen e Ford na América do Sul, seja a associação mais lembrada pelos brasileiros. Pudera: entre 1987 e 1996, as duas empresas unificaram vários componentes e até alguns produtos de suas gamas nacionais. Motores AP-1.600, AP-1.800 e AP-2.000 da marca alemã equiparam diversos modelos da então parceira norte-americana, entre os quais Escort, Verona, Del Rey, Belina, Pampa, Versailles e Royale.
A situação contrária também aconteceu, embora em menor escala. A linha Gol utilizou os motores Ford CHT, rebatizados de AE-1.000 e AE-1.600. O fim da associação fez com que ambas as empresas tivessem que fazer profundas alterações em suas linhas de produtos.
Não é segredo que a Audi, há décadas, faz parte do Grupo Volkswagen. Nada mais natural, portanto, que o mesmo motor equipe veículos das duas marcas. A4 e Golf, por exemplo, utilizam semelhantes unidades 1.4 e 2.0 com injeção direta e turbocompressor.
O Grupo Volkswagen também é dono da Lamborghini, e a fabricante de superesportivos não ficou de fora do troca-troca de motores. Tanto que bloco 5.2 V10, desenvolvido para o modelo Gallardo, cuja potência máxima é de estonteantes 560 cv, foi parar nas versões top de linha do R8.
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Tenho 2 carros (Onix LT automático 21/22 e Saveiro Cross 1.6 20/21) gostaria de saber se eles compartilham peças com outra montadoras, visando comprar pecas mais baratas.
Motor do pegeot 1.6 16v serve no Renault 1.6 16v 2007??? Alguém sabe?
Motor do pegeot 1.6 16v serve no Renault 1.6 16v 2007
O fusio ano 2017 2.0 o motor dele da certo na volvo s60 t5 dina ano 2011 2.0.
Depois de anos, vejo esse site kkkk!
Muito interessante, eu adquirir um livina recentemente e o mecânico me disse que sobre o motor, porém, o meu é 1.8, próprio da marca..
Uma dúvida: e as peças mecânicas? Amortecedores, bandejas etc, tbm são genéricas ?
Grato.
Já tive um kia picanto e usava algumas peças do HB20.
Volvo c30 com motor Focus duratec
O motor da Peugeot 307 2.0 e igual da scenic 2.0
Suspensão do clio da no megane ?
o motor do gol pode ser adaptado em um picasso 2.0 16 v ?
obgd
Faltou Toyota e Lifan Motors com seus motores vvt
So uma pregunta estou querendo fazer uma adptacao quero por um motor cht em um Peugeot que me dissem sera que da certo em desde de ja agradeco se puderem me ajudar
Boa tarde !
Faltou falar da Toyota e da Honda
Olá, Janilson.
Toyota e Honda não compartilham o mesmo motor.
Obrigado e abraço
O E-Torq, salvo engano, é um motor originado da joint venture Tritec (BMW e Chrysler), tendo chegado a equipar os Mini.
Será que se pode chamar isso de compartilhamento?!
Não cometam a gafe de dizer que Lambo e R8 tem o mesmo motor V10 5.2. A distância entre o centro dos cilindros do R8, desenvolvido pela Audi, é de 85mm. Os da Lambo 95. A física é um juiz implacável está diferença interfere inclusive no tempo de elevação de giro do motor. Favor informar se direito antes de fazer FAKE NEWS. Abraço.
Audi R8 ganha motor da Lamborghini Gallardo
Está na revista auto esporte
O motor Maxion 2.5 diesel equipa veículos da Ford, Chevrolet, Mercedes Benz e Land Rover.
1 kit bobina dianteiro e traseiro magnetic marelli por 2.000 mil reais tem que ser bom mesmo
Interessante reportagem. Lembrei também que a Volvo utilizou motores Yamaha V8, por sinal bastante premiada mundialmente essa unidade motriz. A Yamaha também desenvolve e fornece mortes para a Toyota desde a década de 60.
Então quer dizer que a Honda oferece mortes com a Titan, e a yamaha vida terceiros tipo a volvo?
*** corrigindo o gracejo…
Então quer dizer que a Honda oferece mortes com a Titan, e a yamaha VIA terceiros tipo a volvo?
ERRO: O motor 1.6 16v, assim como os motores 1.8 16v do Nissan Livina não são de irigem Renault! Desde o lançamento, além da própria Nissan e revistas especializadas afirmaram se tratar de uma unidade originária da Nissan, não havendo associação com a Renault.
O motor 1,6 16 v. Na Livina e da Renault
Trabalhei na fábrica e lembro que pelo menos o 1.6 era da Renault, e equipava os Sandero na época…
Lá, Renato!
Caro, você está equivocado. O motor 1.6 da Livina é sim Renault, e essa informação foi sim divulgada pelos meios de comunicação na época do lançamento. Já o 1.8 16V que equipava as versões mais caras era da própria Nissan, como foi dito no texto.
Abraço e obrigado por comentar!
1.6 16v é o mesmo do scenic..renalt…ja o 1.8 16v é nissan mesmo.
Motor é Honda!
1 kit bobina dianteiro e traseiro magnetic marelli por 2.000 mil reais tem que ser bom mesmo
Essa reportagem poderia ser reduzida a metade. Pois a Na lista motores de montadoras do mesmo grupo, sendo óbvio o compartilhamento de motores….
Caro Wendel
Um tema torna-se óbvio apenas para quem o domina, certo? Acredite: muita gente desconhece as parcerias e associações da indústria de veículos e não faz ideia que algumas marcas pertencem ao mesmo grupo. Por isso, é importante lembrar algumas informações, ainda que elas já sejam conhecidas pelos leitores mais familiarizados com o setor automotivo.
Abraço e obrigado por comentar.
Com certeza, eu não sabia disso tudo.
Eu também não sabia
Em 1999 andava com uma Fiat punto 1.9 diesel com motor Peugeot
Fora do Brasil né?
Dentro da fábrica da Nissan Renault em “Curitiba” andávamos de Megane Gran tour a diesel, mas só dentro da fábrica…