Na hora de interromper as vendas de veículos muito queridos, às vezes os fabricantes criam edições especiais de despedida
Cada um marcou época por uma razão: a Volkswagen Kombi por ser um veículo único, sem concorrentes, mas popular. O Fusca por ser robusto e ter uma manutenção que podia ser resolvida com um palito de dentes. O Chevrolet Opala por ser luxuoso e avançado, um diferencial no Brasil. Mas todos tiveram uma coisa em comum: foram tão amados que ganharam uma edição de despedida, e trocaram as linhas de montagem por um espaço nos museus e entre colecionadores.
Veja sete edições especiais que marcaram o fim de carros nacionais:
A Kombi Last Edition foi lançada pela Volkswagen em agosto de 2013. A edição de despedida contava com acabamento e acessórios diferenciados – assim como o preço. Custando RS 85 mil, custava quase o dobro da configuração mais simples, vendida, à época, por R$ 46.700.
Inicialmente, a alemã fabricou 600 unidades da Kombi Last Edition. A pintura era em dois tons, no estilo “saia e blusa”, em azul claro e branco. As rodas eram brancas e acompanhadas por pneus com faixa branca, dando ao veículo um ar de nostalgia que buscava reproduzir detalhes clássicos adotados ao longo da fabricação do modelo.
A Kombi brasileira era, até então, o veículo com mais anos de produção de todo o mundo. Lançada na Alemanha em 1950, foi o primeiro modelo da Volkswagen no país, com produção iniciada em 1957 e que só foi terminar em 2013.
Os equipamentos especiais incluíam cortinas em tear nas janelas laterais e vigia traseiro, na cor azul; bancos com revestimento em vinil azul e branco; revestimentos internos no mesmo material com costuras pespontadas e assoalho revestido em carpete.
O motor da Kombi Last Edition era o EA11, um 1.4 flex com 80 cavalos de potência e torque de 12,7 kgfm (etanol). A razão que levou ao fim da comercialização do modelo por aqui foi a exigência legal de que todo veículo contasse com airbags e freios ABS, equipamentos incompatíveis com o projeto da Kombi, desenvolvido em 1940.
No mês seguinte ao lançamento da edição de despedida da Kombi, contudo, a Volkswagen anunciou que aumentaria a produção das iniciais 600 unidades para 1.200. A decisão foi polêmica, e levou proprietários a questionarem o investimento. O argumento é que, com a ampliação da produção, o veículo diminuiria em valor.
A decepção com a Kombi Last Edition foi, inclusive, acatada pela justiça em um caso específico. Na decisão, a montadora foi obrigada a recomprar o veículo de um proprietário que a processou por propaganda enganosa.
O sedã médio da Chevrolet chegou ao fim de sua história com menos pompa que a Kombi Last Edition. Enquanto a Volkswagen aproveitou para aumentar o preço do utilitário, o Vectra Collection entrou em venda sem que muitos soubessem que era a versão de despedida.
Como reportaram, à época, nossos parceiros do Autos Segredos, o sedã era anunciado como uma celebração ao sucesso de vendas – e não como o fim delas. O ano de 2011 foi o último em que o Vectra esteve no mercado, onde chegou em 1993, mesmo ano em que passou a ser fabricado no Brasil.
Apenas 2 mil unidades da edição de despedida Vectra Collection foram produzidas, todas com uma nova cor metálica na carroceria, o verde Lotus. As rodas eram de 17 polegadas na cor grafite com acabamento diamantado.
Outros equipamentos incluíam bancos de couro cinza com costuras verdes; freios ABS; airbags; adesivos decorativos na coluna B; faróis com máscara negra; faróis de neblina dianteiros e traseiros; transmissão automática; bordados do emblema “Collection” nos bancos dianteiros; detalhe em couro no revestimento interno; chaveiro especial em couro com emblema “Collection”; e capa do manual em couro com a numeração da unidade.
Quando chegou às lojas, o Vectra Collection era vendido no lugar da versão top de linha “Elite”. Junto a ele, também eram comercializadas a Expression e Elegance. O preço da versão de despedida era de R$ 65.400.
O sedã veterano saiu da gama da Chevrolet para abrir espaço para o Cruze, que passou a ser vendido por cerca de R$ 65 mil. Essa foi uma das razões do segredo feito pela fabricante, que se recusou a confessar que aquela era a despedida do modelo.
Em italiano, “grazie mille” quer dizer “muito obrigado”, uma boa ideia para batizar a versão de final do Fiat Uno Mille. Assim como a Kombi Last Edition, a despedida ocorreu porque devido às leis do airbag e ABS. Da mesma forma que o utilitário da Volkswagen, o hatch italiano não tinha estrutura que permitisse a adaptação tecnológica.
Assim, a Fiat celebrou o fim de um de seus modelos brasileiros mais clássicos – embora o tenha feito de forma secreta. Da mesma forma que a Chevrolet, a marca não divulgou que o compacto estava deixando a linha de montagem quando colocou o Grazie Mille nas revendas.
A série especial foi anunciada em dezembro de 2013, quando se completaram 29 anos de fabricação do Fiat Uno. O preço da edição de despedida era R$ 31.200, e ela era limitada a 2 mil unidades.
O Grazie Mille tinha alguns diferencias com relação às versões de produção. No exterior, o ele contava com faróis com máscara negra; rodas de liga leve de 13 polegadas; ponteira de escapamento esportiva; cor exclusiva Verde Saquarema; emblemas adesivos da séries especial; frisos laterais; e pintura da caixa de roda.
Na parte interna, o hatch derradeiro carregava uma placa, instalada no painel, com a numeração da unidade. Além disso, contava também com revestimento em tecido exclusivo com bordado Grazie Mille; rádio com CD, MP3, Bluetooth e USB; quadro de instrumentos redesenhado; pedaleiras esportivas; logo da série especial na soleira das portas; e tapetes em carpete.
Outros equipamentos eram ar-condicionado; direção hidráulica; vidros e travas elétricos; desembaçador e limpador do vidro traseiro; e comandos internos para os retrovisores laterais.
Um dos mais clássicos sedãs do Brasil, o Opala começou a ser fabricado em 1968. Ao longo dos 24 anos em que permaneceu em produção, recebeu diversas configurações, que se tornaram igualmente icônicas.
Uma delas foi o Diplomata. Na década de 1980, o três volumes da Chevrolet foi redesenhado e ganhou a versão top de linha. Em 1988, chegou o Diplomata SE, com o forro do teto em veludo e outros acessórios de luxo.
Pouco depois, contudo, o sedã sairia de linha. Em 1992, a GM deixou de vender o modelo, e o celebrou com a edição de despedida Opala SE Collectors. O veículo tinha um motor 4.1 de seis cilindros em linha que entregava 121 cavalos de potência e 29 kgfm de toque. O câmbio era automático de quatro marchas, com tração traseira.
Foram fabricadas apenas 100 unidades de despedida do Opala. Elas vinham acompanhadas de chaves banhadas em ouro e uma fita VHS que recontava a história do modelo.
O Fusca é um dos carros mais conhecidos do mundo, se não for o campeão absoluto em popularidades. Ele nasceu em 1938, na Alemanha, e sobreviveu à Segunda Guerra Mundial. Foi também o modelo mais vendido do mundo e atrai, até hoje, idolatradores de todas as idades.
No Brasil, chegou em 1950, e ficou por aqui até 1996, com um intervalo entre 1986 e 1993. Voltou dos mortos a pedido do presidente Itamar Franco, de quem tomou o nome para apelido. Ele foi produzido, a maior parte do tempo, em Anchieta, fábrica em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo.
De acordo com a Volkswagen, o Fusca foi líder de mercado por 24 anos consecutivos, entre 1959 e 1982. Na ocasião de seu descontinuação, em junho, contabilizava-se mais três milhões de unidades fabricadas no Brasil.
Para marcar a ocasião, a marca alemã criou a edição de despedida Fusca Série Ouro. Foram 1.500 unidades fabricadas. O motor era um 1.5 de 59 cavalos de potência e 12 kgfm de torque. Entre os equipamentos, estavam faróis de neblina dianteiros, relógio analógico e desembaçador traseiro.
O monovolume Meriva foi lançado pela Chevrolet em 2002. O design era considerado moderno, assim como o sistema de bancos dobráveis.
Desenvolvido pela Chevrolet do Brasil, ele também foi levado para a Europa, onde era vendido pela Opel.
Por aqui, foram 10 anos de mercado. Em 2012, a minivan deixou de ser produzida para abrir espaço para o Spin. Na ocasião, a Chevrolet criou a Meriva Collection.
Foram produzidas 500 unidades da edição de despedida da minivan. Equipamentos especiais recheavam a versão, a cor metálica exclusiva cinza Rusk; airbag; emblema Collection nas laterais; direção hidráulica; e chaveiro e capa do manual do proprietário especiais.
A Zafira, outra minivan da Chevrolet, também deixou o mercado junto com a Meriva. Ela chegou às lojas um ano antes da irmã, em 2001. Nesse caso, o projeto era da Europa, onde foi lançada pela Opel em 2000.
Um dos diferenciais do modelo era o espaço para sete ocupantes, característica que foi passada para seu substituto, o Spin.
Da mesma forma que o Meriva, o Zafira também teve 500 unidades da edição de despedida, de 2012. Os equipamentos eram bancos, volante e revestimento das portas em couro; pintura cinza Rusk exclusiva; freios ABS; airbag; transmissão automática; e rodas de alumínio de 16 polegadas.
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Há um erro no texto com relação ao motor do Fusca. Desde 1984 até suas últimas unidades em 1996 só teve motor 1.6 Tork e não 1.5 como destacado na matéria.
A versão de despedida anterior era mais caprichada…tinha uma versão verde metálico, com vidros verdes e desembaçador traseiro.